Mancha-branca no milho: Quais condições favorecem essa doença, como identificá-la no campo e quais os melhores métodos de controle.
Conhecida como mancha-foliar-de-Phaeosphaeria (MFP), pinta-branca, feosferia ou apenas mancha-branca, essa doença do milho pode causar grandes estragos na cultura. Em condições favoráveis para sua ocorrência, as perdas podem chegar a 60% da produção.
Especialmente devido à safrinha, nos últimos anos a mancha-branca está entre as doenças mais frequentes no Mato Grosso e outras importantes regiões produtoras do grão.
No entanto, existem maneiras de evitar que essa doença ocorra na sua lavoura e mesmo de manejá-la quando ela já se encontra no campo.
Aqui veremos como fazer isso, além de saber realizar sua correta identificação e entender mais sobre seu desenvolvimento. Veja a seguir!
Manejo preventivo da mancha-branca no milho: evite que ela ocorra na sua área
Condições favoráveis para a mancha-branco no milho
Para realizar o manejo preventivo, precisamos entender as condições favoráveis para a mancha-branca no milho.
Dois pontos que contribuem para a doença são a ascensão do cultivo de milho na segunda safra e o aumento de áreas de plantio direto.
A safrinha de milho, ou 2ª safra, acontece no verão/outono, período em que as temperaturas começam a cair, há aumento da umidade do ar e diminuição de horas de sol. Todos esses fatores contribuem para maior molhamento da planta de milho, promovendo as doenças foliares, especialmente a mancha-branca.
Já o plantio direto, favorece a doença devido ao fato de que um de seus patógenos (Phaeosphaeria maydis) sobrevive (hiberna) em restos culturais, como a palhada.
Além disso, respingos de chuva e fortes ventos disseminam os esporos dos patógenos, fazendo com que atinjam mais plantas de milho.
Manejo preventivo para a mancha-branca
Percebemos que quanto mais tardios forem os plantios, maiores as chances de ocorrência da mancha-branca no milho, portanto pode ser uma alternativa adiantar o plantio caso seja possível.
Esteja também atento para as condições climáticas que favorecem a doença e o histórico de ocorrência na sua área e região, já que ela sobrevive na palhada.
Atenção especial deve ser dada para a cultura do milho em seu período mais sensível ao ataque dos patógenos: o florescimento.
Tenha em mente a maior probabilidade de ocorrência e danos pela doença na sua área, planejando suas aplicações de forma eficaz.
Também para o manejo preventivo, é recomendado o uso de cultivares resistentes a mancha-branca. No mercado há desde híbridos com alta susceptibilidade, chegando a causar a morte da planta, e cultivares resistentes, com formação de poucas ou nenhuma lesão.
Em regiões e/ou épocas (como a safrinha) que favoreçam o aparecimento da doença é preferível a semeadura de cultivares com maior nível de resistência.
Identificação da mancha-branca: Como saber essa doença está em minha lavoura
A mancha-branca no milho é causada pelo complexo entre a bactéria Pantoea ananatis e o fungo Phaeosphaeria maydis. Até mesmo por isso, a doença pode ser chamada de “complexo mancha-branca”.
Como já comentamos, o desenvolvimento da doença é favorecido por temperaturas amenas (14 a 20°C) e alta umidade relativa, sendo que a água livre na folha favorece a infecção inicial. São nessas condições que podemos verificar os sintomas na lavoura.
A infecção é dada inicialmente pela bactéria que causa lesões pequenas com aspecto encharcado (anasarca) geralmente com 0,3 a 2,0 cm, mas podendo coalescer e formar grandes áreas afetadas.
As lesões evoluem para manchas necróticas de coloração clara podendo inclusive apresentar estruturas fúngicas como picnídios (pontos negros). Em condições favoráveis para a doença as perdas podem chegar a 60% da produção.
Os sintomas da mancha branca geralmente são observados a partir do florescimento, mas em condições favoráveis é possível encontrar lesões desde o estágio vegetativo (como em lavouras com 40 dias), começando no baixeiro da planta e rapidamente atingindo as folhas superiores.
É importante ressaltar que o milho é uma planta extremamente sensível à perda de área foliar e, quando esta perda ocorre em plantas ainda jovens, há consequências diretas para a produção, com redução do ciclo e quedas acentuadas no tamanho e peso dos grãos.
Isso porque a redução da área foliar ativa pode diminuir a produção dos fotossintatos, os quais seriam utilizados para enchimento de grãos, acarretando uma redução drástica da produtividade.
Controle da mancha-branca
Além dos híbridos resistentes, o controle também pode ser realizado através de fungicidas, já que existem no mercado alguns produtos indicados para o controle químico da mancha branca do milho.
As pesquisas mais recentes indicam que a mistura de estrobilurina+triazol com mancozebe ou outros protetores têm refletido bom controle para a doença.
É recomendada uma aplicação na última entrada do trator (em torno de v6-v8), para proteger as folhas do baixeiro e outra pulverização em pré-pendoamento a fim de garantir o controle das folhas superiores, dependendo da suscetibilidade do material pode ser necessário uma terceira aplicação de fungicida após o florescimento.
Veja como fazer o controle de outras doenças do milho:
Conclusão
A mancha-branca no milho é uma doença que vem ganhando destaque devido ao aumento do plantio direto e cultivo na safrinha, o que favorece sua ocorrência.
Aqui vimos como é seu desenvolvimento e sua identificação a campo, além no manejo preventivo e controle químico.
Aproveite o conhecimento e realize o monitoramento de sua lavoura para saber se essa doença está em sua área!
Bibliografia
*Colaboração de Jeferson Rodrigo Pestana, engenheiro agrônomo, mestre em fitopatologia especialista em Proteção de Plantas.
EMBRAPA. Árvore do conhecimento: doenças do milho. Disponível em: https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/.
Como você faz o manejo da mancha-branco no milho hoje? Tem mais alguma dica? Restou alguma dúvida? Deixe seu comentário abaixo!