InícioManejo FitossanitárioPrincipais plantas daninhas no milho e seu manejo

Principais plantas daninhas no milho e seu manejo

Plantas daninhas no milho: veja qual o período mais crítico nesta cultura, as principais espécies, como fazer o controle e outras informações.

As plantas daninhas competem com ao milho por água, nutrientes e radiação solar, especialmente durante as “fases críticas” da cultura do milho. Assim, se não forem controlados, podem reduzir o rendimento final do milho em até 30% ou, em alguns casos, até 91% (MASSINGA et al., 2003; GAZZIERO, SILVA, 2017).

Para fazer o manejo das plantas daninhas corretamente é preciso conhecê-las e também entender quais as opções de manejo disponível.

Veja neste artigo todas essas informações e ainda entenda mais sobre o período crítico de interferência na cultura!

Plantas daninhas no milho safrinha

O milho é a principal cultura utilizada em sucessão com a soja no Brasil, semeando-se soja na safra principal (verão) e milho na segunda safra, também chamada de safrinha (inverno). 

Para ter sucesso neste sistema de sucessão, é comum semear variedades de soja de ciclo curto logo após o final do vazio sanitário. E, após a colheita da soja, já é realizada a semeadura do milho (muitas vezes isso ocorre no mesmo dia).  

Desta forma, não existe intervalo entre os cultivos de soja e milho, portanto, o manejo de plantas daninhas do milho deve muito bem planejado. E para isso, na maioria dos casos ele deve acontecer durante o ciclo da soja com o uso de herbicidas pré e pós-emergentes e na dessecação pré-colheita.

Plantas daninhas no milho verão

No milho de verão (muito semeado para silagem), o manejo é mais simples, uma vez que é possível realizar o controle na entressafra, atentando-se principalmente para não haver problemas com efeito residual de herbicidas na cultura.

Período Crítico de Prevenção à Interferência (PCPI) do milho

Esse período se refere ao momento a partir do plantio ou emergência, quando as plantas daninhas devem ser controladas com eficiência, a fim de evitar as perdas na qualidade e quantidade do produto colhido. 

O período crítico de competição da cultura do milho, em condições normais, varia entre os estádios V2 (duas folhas desenvolvidas) até V7 (sétima folha desenvolvida), quando a cultura está estabelecendo seus potenciais produtivos.

No entanto, devemos considerar que esse período pode variar quanto a comunidade de plantas daninhas, a cultura e condições ambientais. 

No caso do milho, o componente mais afetado é o número de fileiras por espiga, seguido pelo número de grãos por espiga e enchimento dos grãos. 

Além disso, o déficit luminoso provocado pelas plantas daninhas prejudica a polinização em razão da defasagem no período entre a receptividade dos estigmas e a maturação dos grãos de pólen, reduzindo o número de óvulos fecundados ou promovendo seu abortamento (Rizzardi et al., 2014). 

Quais são as principais plantas daninhas na cultura do milho?

O espectro de plantas daninhas nos sistemas agrícolas brasileiros é muito diverso e, no caso da cultura do milho, depende de vários fatores, com destaque para: época de plantio (safra/safrinha), regime hídrico, localidade, comunidade de plantas daninhas e nível tecnológico.

De maneira geral, destacamos os gêneros para monocotiledôneas Urochloa spp., Cyperus spp. e Digitaria spp., e para as eudicotiledôneas Amaranthus spp., Conyza spp., Ipomoea spp. e Sida spp, além das espécies resistentes e/ou tolerantes ao herbicida glifosato.

Segundo levantamentos fitossociológicos em áreas cultivadas com milho, de maneira geral, as espécies de maior ocorrência/importância são (Piazentine, 2021):

  • Apaga-fogo (Alternanthera tenella Colla;
  • Buva (Conyza spp.);
  • Capim-amargoso (Digitaria insularis (L.);
  • Capim-braquiária (Urochloa decumbens Stapf.);
  • Capim-carrapicho (Cenchrus echinatus L.);
  • Capim-colchão (Digitaria spp.);
  • Capim-colonião;
  • Capim-pé-de-galinha (Eleusine indica (L.) Gaertn);
  • Caruru-comum (Amaranthus viridis L.);
  • Cravorana (Ambrosia artemisiifolia L.);
  • Corda-de-viola (Ipomoea spp.);
  • Erva-de-Santa-Luzia (Chamaesyce hirta L.);
  • Erva-quente (Spermacoce latifolia Aubl.);
  • Grama-seda (Cynodon dactylon (L.) Pers.);
  • Guanxuma (Sida spp.);
  • Leiteiro (Euphorbia heterophylla L.);
  • Picão-preto (Bidens spp.);
  • Tiririca (Cyperus spp.);
  • Trapoeraba (Commelina benghalensis L.);
  • Vassourinha-de-botão (Spermacoce verticillata L.)
Figura 1. Principais plantas daninhas na cultura do milho. 
 Fonte: Moreira e Bragança, (2011).

Como controlar plantas daninhas no milho?

O melhor controle é com o manejo integrado de plantas daninhas, o qual tem como objetivo eliminar as plantas daninhas durante o período crítico de competição.

É nesse período que a convivência com as plantas daninhas pode causar danos irreversíveis à cultura do milho e prejudicar o rendimento, além de beneficiar as condições de colheita e evitar o aumento da infestação das plantas daninhas durante o ciclo ou para culturas subsequentes.

O manejo de plantas daninhas na cultura do milho deve enfatizar a utilização das diferentes estratégias de controle, considerando a infraestrutura e a mão-de-obra disponíveis para a obtenção de um bom resultado na produção. 

O manejo integrado de plantas daninhas deve ser utilizado com o objetivo de racionalização do uso dos herbicidas, do ambiente e dos custos de produção. 

Os principais métodos de controle são: preventivo, cultural, mecânico e químico

Controle Preventivo

Está associado à algumas práticas de como utilizar sementes de boa qualidade e promover a limpeza rigorosa de todas as máquinas e de todos os implementos. 

Controle Cultural

Para o controle cultural é proposto a utilização das características da cultura e do meio ambiente para aumentar a capacidade competitiva das plantas de milho, favorecendo seu crescimento e desenvolvimento, como por exemplo: híbridos adequados, densidade de semeadura e espaçamento, época de plantio, entre outros. 

Controle Mecânico

É realizado através da ação de arrancar ou cortar as plantas daninhas. Este método pode ser realizado manualmente ou com o auxílio de máquinas. 

Controle Químico

O controle químico, por meio de herbicidas, é uma forma eficiente de controle de plantas daninhas. Os herbicidas utilizados nessa cultura podem ser aplicados em diferentes épocas (Figura 2). Para saber mais sobre o manejo químico, temos um artigo neste Blog somente sobre esse assunto, veja: Herbicidas para milho: época de aplicação e principais produtos

  


 Figura 2. Épocas de aplicação de herbicidas na cultura do milho

Manejo da resistência de plantas daninhas do milho aos herbicidas

Algumas das principais espécies de plantas daninhas do milho (citadas acima) apresentam populações resistentes a alguns herbicidas, como o capim-amargoso, buva, caruru, etc.

No site do HRAC (Comitê de Ação a Resistência aos Herbicidas) você pode acessar 3 informes com fotos das principais plantas daninhas resistentes a plantas daninhas no Brasil:

Confira abaixo as principais recomendações para o manejo da resistência de plantas daninhas:

Figura 3. Manejo da resistência de plantas daninhas
Fonte: HRAC-BR, 2022

Conclusão

O manejo de plantas daninhas do milho tem algumas particularidades, especialmente pela existência de safrinha e algumas espécies resistentes comuns na cultura.

No entanto, conhecendo melhor sobre a interferência dessas plantas no milho, realizando o manejo integrado de plantas daninhas e o uso adequado de herbicidas, é possível ter uma lavoura livre das daninhas e com altas produções.

Bibliografia

*Colaboração: Roque de Carvalho Dias, Coordenador de Serviços Técnicos (CST) da Biomatrix. Engenheiro agrônomo pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). Mestre em Agronomia (Proteção de Plantas) na área de Matologia pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP/FCA).

GAZZIERO, D.L.P; SILVA, A.F. Caracterização e manejo de Amaranthus palmeri. Londrina: Embrapa Soja, 2017. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/159778/1/Doc-384-OL.pdf>. Acesso em: 24 ago. 2022.

MASSINGA, R. A., CURRIE, R. S., & TROOIEN, T. P. (2003). Water use and light interception under Palmer amaranth (Amaranthus palmeri) and corn competition. Weed Science, 51(4), 523-531. Disponível em: < https://www.cambridge.org/core/journals/weed-science/article/abs/water-use-and-light-interception-under-palmer-amaranth-amaranthus-palmeri-and-corn-competition/C68EB350C00BAED811F876FEDFF06FE5> . Acesso em: 24 ago. 2022.

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