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Silagem de milho: quantidade ideal por dia e outras informações

Silagem de milho: entenda quantos quilos de silagem uma vaca de leite e/ou gado de corte comem por dia e mais informações sobre o tema! 

A silagem de milho é a fonte de forragem (volumoso) mais utilizada no Brasil para alimentação de vacas leiteiras (Silva e Millen, 2019), e para bovinos de corte confinados (Silvestre e Millen, 2021). 

Uma das principais dúvidas sobre a alimentação com silagem é a quantidade ideal para o gado, seja ele de leite ou de corte. Afinal, é isso que vai determinar o quanto devemos ter de produção agrícola, as dimensões dos silos e todo o operacional da área. 

É por isso que aqui reunimos as principais informações sobre o tema. Confira a seguir: 

Por que utilizar silagem de milho?  

O crescimento da adoção dos produtores por fornecer silagem de milho para seus animais é consequência de vários fatores: 

  • Alta concentração de energia na silagem; 
  • O cultivo do milho se tornou mais simples com as novas tecnologias e informações; 
  • Maquinários com alta capacidade de colheita e processamento; 
  • Baixo custo por unidade de NDT (Nutrientes Digestíveis Totais); 
  • Crescente mercado de negociação de silagem ensacada; 
  • A silagem bem conservada possui alta segurança alimentar. 

Poderíamos inserir vários outros fatores nesta lista, mas acredito que não seja necessário porque, na verdade, não precisamos de vários motivos para adotar uma técnica ou tecnologia, mas sim um bom motivo.  

Silagem para gado de leite 

Certa vez, um produtor de leite me disse a seguinte frase: “Vaca não come silagem, vaca come dieta”.  

Pensei por alguns segundos e concordei plenamente com ele. Porém, a maior parte da dieta é composta por silagem de milho. 

No gráfico abaixo está uma representação média da participação dos ingredientes dietéticos mais comuns utilizados na nutrição de vacas leiteiras no Brasil.  

Em torno de 40% da dieta é silagem de milho, 10% é uma segunda fonte de forragem (aveia, azevém, capins tropicais, pré-secado de alfafa, etc.), 17% de Farelo de soja, 17% de fubá e os demais 16% mistura de minerais, aditivos e outros coprodutos. 

Obviamente ocorrem mudanças na inclusão dos ingredientes dependendo do nível de produção dos animais, da disponibilidade do ingrediente, do valor nutricional, e do preço dos insumos no momento. A dieta deve ser ajustada pelo nutricionista diante de cada situação da fazenda. 

Porém, sem sombra de dúvidas, o ingrediente mais barato da dieta é a silagem de milho. Portanto, nós produtores, precisamos focar em fazer bastante silagem dentro da fazenda e com a melhor qualidade possível.  

Uma silagem com alta qualidade (alta participação de grãos farináceos, grãos bem processados e fibra de alta digestibilidade) irá possibilitar incluirmos 50% até 60% de silagem de milho na dieta. Reduzir, ou até mesmo eliminar o uso da segunda fonte de forragem e diminuir o uso de concentrados energéticos (milho, polpa cítrica, entre outros). 

 No entanto essas alterações dietéticas devem ser acompanhadas pelo seu nutricionista. 

Quantos quilos de silagem uma vaca come por dia? 

Devemos lembrar que a maior demanda de nutrientes de uma vaca de leite de média (> 18 litros / dia) e alta produção (> 30 litros / dia) é para lactação. O restante dos nutrientes será direcionado para a manutenção do corpo (respiração, batimentos cardíacos, troca de calor, etc), e crescimento do feto caso esteja prenhe. 

Uma vaca produzindo 30 kg Leite/dia, pesando 600 kg irá consumir ao redor de 22 kg/dia de matéria seca de dieta. Lembre se: vaca come dieta! 

Se essa dieta possuir 50% de silagem de milho na sua composição, estamos falando de um consumo de matéria seca de silagem de 11 kg/dia.  

A silagem possuindo 35% de matéria seca resultará em uma demanda de 31,5 kg de silagem/dia com base na matéria natural (silagem úmida). 

Importância da silagem de milho para vaca de leite e gado de corte 

Levantamento realizado pela equipe do professor Danilo Millen em 2019, apontou que aproximadamente 80% dos nutricionistas utilizam silagem de milho como principal fonte de forragem para vacas leiteiras no Brasil. 

Esses dados mostram a relevância da cultura para a pecuária leiteira no Brasil e no Mundo. Acredito que muito brevemente veremos esse valor se aproximar de 100%. 

A pecuária leiteira entendeu bem que o sucesso de sua atividade passa por uma produção eficiente de silagem de milho de alta qualidade. Quem não se atentar para essa tendência em pouco tempo ficará fora do mercado. 

Silagem de milho para gado de corte 

A pecuária de corte no Brasil ainda utiliza bastante pastagem dentro do sistema de produção, principalmente na fase de cria e recria.  

A terminação dos animais (fase de engorda) acontece majoritariamente nos confinamentos com utilização de silagem de milho como principal fonte de forragem. 

O levantamento realizado por (Silvestre e Millen, 2021), apontou que aproximadamente 70% dos nutricionistas posicionam a silagem de milho como principal fonte de forragem em dietas de terminação de bovinos de corte no Brasil. 

O nível de inclusão de silagem de milho nas dietas variou entre 7 e 35% da matéria seca no estudo. Se considerarmos o consumo médio dos animais de 10 kg de MS/dia e uma inclusão de 35% de silagem de milho, chegamos a uma oferta de 3,5 kg/dia de silagem de milho com base na matéria seca.  

Sabendo que boas silagens possuem em torno de 35% de matéria seca, essa oferta se equivale a 10 kg de silagem fresca/dia (3,5 kg÷35% MS = 10kg). 

Os confinamentos de portes menores (< 1000 bois), que vem crescendo bastante ao redor do Brasil, tendem a utilizar maiores quantidades de silagem de milho na dieta, para baratear o custo da alimentação.   

Esses confinadores fornecem geralmente uma dieta composta de 50% de forragem + 50% concentrado. Nessa situação estamos falando de fornecimento de 15 a 20 kg de silagem de milho / boi / dia.  

Como regra geral, considerando um giro de confinamento de 100 dias, podemos ter como referência que um boi consome de 1 a 2 toneladas de silagem de milho dependendo do nível de inclusão (Baixo ou Alto).  

Apesar de que, ainda grande parte da cria e recria de bovinos de corte ocorre a pasto, estratégias de suplementação volumosa à base de silagem de milho estão sendo bastante exploradas pelos pecuaristas, para enfrentar a entressafra da pastagem (períodos secos do ano) e otimizar o ganho de peso dos animais e a eficiência econômica da fazenda. 

Essas estratégias visam, evitar que o gado perca peso, atrasem seus ciclos reprodutivos, além de aliviar a pressão na pastagem na entrada das águas evitando a degradação das mesmas.  

Conclusão 

Não restam dúvidas que o milho é o alimento de maior importância dentro dos sistemas de produção de bovinos confinados.  

A maior parte da dieta é composta por milho (> 60%). Seja ele nas suas versões ensiladas (silagem de planta inteira, toplage, snaplage e grão úmido) ou na sua versão seca (fubá). 

Portanto, dominar as técnicas que possibilitam obter altos rendimentos quantitativos e qualitativos da cultura são fundamentais para se ter sucesso na pecuária. 

Referências Bibliográficas 

*Colaboração de Willian Santos, engenheiro agrônomo e Msc Produção Animal (UFLA), Doutor em Ciência Animal e Pastagens pela ESALQ-USP. 

Diego P. Silva, Alexandre M. Pedroso, Murillo C.S. Pereira, Gustavo P. Bertoldi, Daniel H.M. Watanabe, Alan C.B. Melo, and Danilo D. Millen. Survey of management practices used by Brazilian dairy farmers and recommendations provided by 43 dairy cattle nutritionists. Canadian Journal of Animal Science.2019   

Antônio M. Silvestre and Danilo D. Millen. The 2019 Brazilian survey on nutritional practices provided by feedlot cattle consulting nutritionists. Brazilian Journal of Animal Science. 2021 

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