Bipolaris maydis: veja como identificar corretamente a doença, diferenciando de outras no campo, além de conhecer seu manejo e mais!
A mancha de Bipolaris no Brasil é muitas vezes confundida com outras doenças, seja pela mudança da nomenclatura utilizada ao longo dos anos ou pela similaridade de sintomas com outras doenças do milho.
Anteriormente o gênero Helminthosporium englobava as espécies Helminthosporium maydis e H. turcicum, porém essas espécies foram reclassificadas passando a receber novos nomes.
Por exemplo, H. turcicum que hoje é chamada Exserohilum turcicum, é causadora da mancha de turcicum, ou “HT”.
Já H. maydis atualmente é classificada como Bipolaris maydis e causa a doença mancha de Bipolaris do milho, que vamos abordar neste artigo.
Muitas vezes ouvimos o termo “helmintosporiose” e, devido a essa mudança de nomes, pode haver confusão em relação a qual doença é referido.
O que realmente é mais complicado é a sua identificação ao nível de campo, pois os sintomas da mancha de Bipolaris maydis são parecidos com outros patógenos e muitas vezes podem estar presentes junto com outras doenças no milho.
Aqui vamos aprender a identificar corretamente e fazer o manejo efetivo para Bipolaris do milho.
Sintomas de Bipolaris maydis no milho
A doença pode ser causada por três diferentes raças B. maydis: as raças T, O e C. As raças T (mais agressiva) e C atacam somente genótipos de milho com citoplasma macho-estéril T e C, respectivamente.
Já, a raça O causa lesões foliares em genótipos com qualquer tipo de citoplasma e é que mais ocorre nos atuais cultivos de milho.
Apesar de todas as partes aéreas das plantas de milho serem suscetíveis à infecção pelo fungo, as lesões foliares são as mais observadas no campo. Os sintomas da mancha de Bipolaris são bastante variáveis, em função do híbrido de milho e das raças do fungo.
O patógeno causa lesões inicialmente pequenas e ovaladas e podem apresentar coloração marrom e bordas avermelhadas, quando maduras essas lesões tornam-se alongadas, elípticas e orientadas pelas nervuras medindo em torno de 2,5 x 0,7 cm.
Sob alta pressão da doença, pode ocorrer a coalescência das lesões, provocando a necrose (seca) da lâmina foliar.
Como diferenciar sintomas Bipolaris maydis de outras doenças
Comumente a mancha de Bipolaris é confundida com outras doenças (figura abaixo) como:
Cercospora: As lesões de Cercospora são bem delimitadas pelas nervuras apresentando geralmente formato “retalangular”, Bipolaris seguem as nervuras, mas apresentam tortuosidades e formato de “elíptico” a “losango”.
Turcicum: As lesões de Turcicum são bem maiores que de Bipolaris, usualmente variam de 5 a 15 cm de comprimento x 2 cm de largura.
Kabatiella (mancha ocular): Lesões de kabatiella são arredondadas e menores que de mancha de Bipolaris, variando entre 0,1 a 0,5 cm.
Condições de favorecimento da Bipolaris maydis
A disseminação do fungo ocorre no campo, principalmente, pelos respingos de chuva e vento. O desenvolvimento é favorecido por temperaturas entre 22°C e 32°C e elevada umidade relativa do ar, sendo que a condição ideal para a penetração do fungo folha consiste na presença de orvalho.
A sobrevivência do patógeno ocorre em restos culturais remanescentes na área após a colheita.
A mancha de Bipolaris pode causar perdas superiores a 70% na produção, quando ataca genótipos sensíveis em condições favoráveis ao patógeno.
Nos últimos anos houve relatos de alta incidência da doença no Nordeste e Centro-Oeste, associados a alta temperaturas e umidade.
Manejo da Bipolaris maydis
Para um controle efetivo da doença é necessário utilizar o manejo integrado de doenças que englobam:
- Utilização de cultivares com resistência/tolerância a doença (por exemplo: BM270, BM709, BM990, BM3063);
- Fazer rotação de culturas, visto que o fungo sobrevive na palhada;
- Até o momento não há registro de fungicidas específicos para o controle da mancha de Bipolaris em milho, ainda assim é possível observar a nível de campo que produtos à base de misturas de triazois e estrobilurinas tem bom controle para essa doença, como pode ser observado na figura abaixo:
Na Tabela abaixo também é possível ver a produtividade deste ensaio com e sem fungicida:
Conclusão
Embora a Bipolaris maydis seja, a princípio, de difícil identificação ao nível de campo, reconhecendo bem os seus sintomas é possível identificá-la e diferenciá-la de outras doenças, como vimos neste artigo.
A partir desse ponto, seguimos com o manejo recomendado, como rotação de culturas, utilização de híbridos com resistência/tolerância à doença e algumas opções de manejo químico.
Referências Bibliográficas
*Colaboração de Jeferson Rodrigo Pestana, engenheiro agrônomo, mestre em fitopatologia especialista em Proteção de Plantas.
AGRIOS, G. N. Plant diseases caused by fungi. In: AGRIOS, G. N. Plant pathology. 5th ed. Amsterdam: Elsevier, 2005. p. 467-468.
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KIMATI, H. et al. (Ed.). Manual de fitopatologia: doenças de plantas cultivadas. Piracicaba: Agronômica Ceres, 2005. p. 477-488.
Veja também:
Enfezamento do milho: Como fazer o manejo efetivo e evitar prejuízos