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Cercosporiose: manejo efetivo na cultura do milho

Cercosporiose: quais condições favorecem, como identificar na sua área e fazer o manejo, incluindo fungicidas, para um controle efetivo. 

O milho é suscetível a várias doenças fúngicas e dentre as manchas foliares, a cercosporiose do milho é mundialmente importante, devido à grande redução de produtividade.  

No Brasil, foi relatada, pela primeira vez, em 1934 e durante um longo período, foi considerada uma doença secundária, por sua ocorrência esporádica e baixa severidade.  

Entretanto, esse panorama mudou no início do ano de 2000, quando foram relatadas epidemias em alguns campos em Rio Verde e Jataí (GO). Nas safras seguintes, a epidemia avançou por toda a região centro-sul do Brasil. 

Com alto potencial de dano na cultura do milho, é preciso entender como ela ocorre, as condições que a favorecem e, claro, como fazer seu controle de maneira adequada. Veja tudo isso a seguir neste artigo! 

Cercosporiose: entenda melhor como ocorre e seus danos 

Os danos causados pela cercosporiose podem ser expressivos, ocasionando perdas na produção de mais de 70% devido a necrose foliar, deterioração no colmo e acamamento. Nas lesões de cercosporiose é possível encontrar 3 espécies de Cercospora: Cercospora zeina, Cercospora zeae-maydis Cercospora sorghi f.sp. maydis, que podem se diferenciar quanto à, morfologia e agressividade.

Lavoura de milho sadia (à esquerda) e com cercóspora (à direita) 
Fonte: Jeferson Pestana 

Condições que favorecem a cercosporiose 

As temperaturas ótimas para o desenvolvimento da doença no milho ocorrem entre 22 e 30ºC. Estudos indicam que longos períodos de umidade relativa do ar próxima a 100%, mas na ausência de água livre sobre a folha, são importantes para o início da infecção.  

Mesmo sob condições favoráveis, o período latente de Cercospora spp. é longo em comparação a outros patógenos foliares e pode variar de 14 a 28 dias.  

O tempo de infecção pode variar em função da resistência, genótipos mais resistentes proporcionam crescimento mais lento do patógeno.  

A disseminação ocorre por meio dos esporos produzidos pelo fungo na planta hospedeira ou no tecido estomático, em restos culturais, que são levados pelo vento e ou respingos de chuva para dentro da mesma cultura ou para regiões afastadas do ponto inicial da epidemia. 

Cercosporiose: sintomas 

Os primeiros sintomas da cercosporiose são constatados, frequentemente, na fase de pendoamento, principalmente na parte baixeira da planta, colonizando as folhas.  

Dentro de um período de 15 a 20 dias, essas lesões se alongam, formando estrias, antes de atingirem a sua forma retangular característica.  

Os sintomas da doença caracterizam-se pelo tom castanho e aspecto linear retangular das lesões que, na maioria das vezes, são definidas pelas nervuras, sob condições de alta umidade relativa, ocorre esporulação, que dá às lesões a coloração acinzentada.  

Lesões completamente desenvolvidas apresentam comprimento de 5 a 60 mm, com 2 a 4 mm de largura.  

Se áreas adjacentes são infectadas, as lesões podem coalescer, dando a aparência de uma única lesão. As lesões mais jovens apresentam um halo clorótico característico, quando observadas através da luz.  

Quando as lesões cobrem a maior parte da área fotossintética, a perda de água resultante determina também a deterioração do colmo e o acamamento. Isso pode ocorrer quando a infecção ocorre muito cedo e há formação de grande quantidade de lesões foliares. 

Manejo de cercosporiose no milho 

Restos culturais infestados compreendem a mais importante fonte de inóculo dentro de um campo. Por este motivo é altamente recomendável a rotação de culturas, para diminuir o inóculo potencial da área.  

O manejo preventivo é fundamental para um controle realmente efetivo e boas produtividades, já que essa é uma doença de alto potencial de dano.   

Em áreas de histórico da doença, como Região do Brasil Central e Sudoeste de Goiás é recomendado o uso de híbridos que tenham resistência/tolerância à doença.   

Além disso, em áreas com plantio de cultivares suscetíveis ou sob condições ambientais favoráveis para a ocorrência da doença, o controle químico deve ser avaliado como uma opção para o manejo da doença.  

Fungicidas para a cercosporiose 

A decisão de aplicar um fungicida foliar no milho geralmente é baseado na fase de desenvolvimento da cultura, fatores ambientais, susceptibilidade do híbrido e severidade da doença. 

A fase considerada crítica para a cultura do milho, e que deve ser considerada quando se pretende proteger as plantas via aplicação de fungicidas, consiste entre V10 e a fase de grãos leitosos (R3). 

Nesse período a planta de milho necessita do máximo de sua capacidade fotossintética, pois se inicia um intenso período de translocação de foto assimilados para as espigas.  

Atualmente, as recomendações preconizam aplicação de fungicidas foliares no milho nos estágios de desenvolvimento entre V8 a Vt (pendoamento). 

No entanto, em condições de ambientes favoráveis e híbridos com maior sensibilidade pode demandar uma terceira aplicação, entre V5 e V6, quando a doença aparece de forma precoce ou após o pendoamento, quando a doença ocorre de forma mais tardia. 

As misturas de triazois + estrobilurinas vem sendo amplamente utilizadas no controle de doenças foliares em milho, esses fungicidas também têm boa eficiência no manejo químico de cercosporiose. O uso de benzimidazois e protetores multissítio, como carbendazim e mancozeb, de forma preventiva também pode agregar em eficiência de controle de cercospora. 

Fonte: Jeferson Pestana e Sementes Biomatrix 

Saiba mais sobre doenças no milho em:

Conclusão 

Fica claro que a cercosporiose é uma doença do milho que pode levar à sérios prejuízos na lavoura e que está disseminada em todo o Brasil. 

O manejo preventivo é fundamental e vimos aqui como realizar o controle químico adequado.  

Bibliografia  

*Colaboração de Jeferson Rodrigo Pestana, engenheiro agrônomo, mestre em fitopatologia especialista em Proteção de Plantas 

CASELA, C. R.; FERREIRA, A. S. A cercosporiose na cultura do milho. Sete Lagoas, MG: Embrapa Milho e Sorgo, 2003. 65 p. (Circular técnica, 24) 

 COSTA, R. V. da; CASELA, C. A.; COTA, L. V. Doenças. In: CRUZ, J. C. (Ed.). Cultivo do milho. 5. ed. Sete Lagoas: Embrapa Milho e Sorgo, 2009. 

EMBRAPA. Árvore do conhecimento: doenças do milho. Disponível em: https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/

KOSHIKUMO, E., S., M. Identificação molecular e morfológica, métodos de esporulação, indução e detecção de cercosporina das espécies de cercóspora do milho UFLA, 2011. 109 p. Tese (Doutorado em Fitopatologia) – Universidade Federal de Lavras, Lavras. 

Você já teve problemas com cercosporiose em sua área? Tem mais alguma dica de manejo? Ficou alguma dúvida? Deixe seu comentário abaixo! 

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