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Fenologia do milho: entenda o ciclo e estádios da cultura

Fenologia do milho: Entenda quais são os estádios fenológicos e como identificar cada um deles

A fenologia é o ramo da botânica que estuda como as plantas crescem e se desenvolvem, e o crescimento é estimado através de escalas fenológicas. Uma escala fenológica utiliza características morfológicas para determinar o estágio de desenvolvimento que a planta se encontra.

Utilizando escala fenológica, tem-se maior assertividade na tomada de decisão nas práticas de manejo, pois o desenvolvimento da planta de milho varia em função de cultivar, época de semeadura, região e ano agrícola (Sangoi et al. 2010).

Quais são os estádios fenológicos do milho?

Existem diversas escalas fenológicas, dentre elas a mais utilizadas é a escala proposta por Ritchie, Hanway & Benson (1993). Esta escala fenológica é descrita por Sangoi et al. (2010), sendo dividida em:

– Estádios vegetativos, identificados pela letra V, e por um número que varia de 1 a n. (com exceções dos estádio VE-emergência e VT-pendoamento)

– Estádios reprodutivos, identificado pela letra R, e por um número que varia de 1 a 6, que representa o desenvolvimento do grão.

Tabela 1 – Escala fenológica da cultura do milho.

Estádios VegetativosEstádios Reprodutivos
VE – EmergênciaR1 – Florescimento
V1 – Uma folhaR2 – Grão leitoso
V2 – Duas folhasR3 – Grão pastoso
V3 – Três folhasR4 – Grão farináceo
Vn – N folhasR5 – Grão farináceo duro
VT – PendoamentoR6 – Maturidade fisiológica
Fonte: Adaptado de RITCHIE, HANWAY & BENSON, 1993.


Esta escala permite identificar com precisão o estádio de uma planta de milho, entretanto, em condição de campo, há variabilidade fenológica das plantas. Sendo assim, para determinar o estádio fenológico de uma lavora, considera-se o estádio em que pelo menos 50% das plantas se encontram.

Como identificar os estádios do milho?

Estádios Vegetativos (V) de Desenvolvimento

Os estádios vegetativos (V) são caracterizados numericamente de acordo com o número total de folhas completamente expandidas. Cada estádio fenológico da fase vegetativa é definido de acordo com a quantidade de folha completamente expandida. Considera-se folha completamente desenvolvida aquela cuja aurícula seja visível e não se tocam (Figura 1).

Caracterização de uma folha totalmente desenvolvida – aurícula visível e sem se tocar.
Fonte: Hugo François Kuneski, 2023

Estádio Fenológico VE – Emergência

Emergência da planta. A semente absorve água e inicia o crescimento, a radícula é a primeira estrutura a apresentar elongação a partir do grão inchado, seguida pelo coleóptilo e depois por três a quatro raízes seminais laterais (figura A). O estádio VE se concretiza pela elongação do mesocótilo, que empurra o coleóptilo em crescimento para a superfície do solo (figura B). 

A ocorrência de temperaturas baixas nessa fase geralmente restringe a absorção de nutrientes e proporciona crescimento lento. Nesse caso, a semeadura mais rasa beneficia a emergência, e a adubação de base deve ser posicionada ligeiramente abaixo e ao lado da semente.

Estádio fenológico VE – estruturas iniciais (A) e emergência (B).
Fonte: A – Adaptado de RITCHIE, HANWAY & BENSON, 1993; B – Hugo François Kuneski, 2023.

Estádio Fenológico V3

A planta apresenta 3 folhas completamente expandidas, a extremidade apical ainda se encontra abaixo da superfície do solo e a elongação do colmo é pequena. Os pelos radiculares estão em crescimento. Todas as folhas, as potenciais espigas e os componentes de produtivo estão em processo de formação.

Nesta fase, granizo, vento, geada ou qualquer dano às folhas, terá pouco ou nenhum efeito no desenvolvimento das próximas estruturas da planta, pois o meristema está ligeiramente abaixo do nível do solo.

Nos estádios iniciais, desde a emergência até o estádio V5, compreende um período crítico da cultura do milho às plantas daninhas e pragas, o que requer monitoramento.  

Estádio V6

Planta com 6 folhas totalmente desenvolvidas e o ponto de crescimento está acima da superfície do solo, iniciando a elongação do colmo. O sistema radicular está em pleno crescimento e aumentando o volume de solo explorado. O meristema apical se transforma em primórdio floral que originará o pendão (figura abaixo). Período de grande expansão de entrenós.

Caracterização do pendão, visível microscopicamente (A); Planta visualmente em estádio V6 (B).
Fonte: Adaptado de RITCHIE, HANWAY & BENSON, 1993.

De acordo com o Comissão de Química e Fertilidade Do Solo (2016), a aplicação de adubação nitrogênio de cobertura deve ser realizado entre os estádios V4 e V6.

A partir do estádio fenológico V6, começa a senescência das folhas mais velhas da planta, o que requer atenção para identificar de forma correta o estádio fenológico em que a planta se encontra, pois com o passar dos dias, as folhas mais velhas podem secar ao ponto de não serem mais visíveis.

Estádio V8

Neste estádio, é definido o número de fileiras de grãos em cada futura espiga.

No estádio V9, o pendão começa a se desenvolver rapidamente e os colmos em rápida elongação. Gema axilar está sendo diferenciadas em primórdios de espigas, iniciando o desenvolvimento de estrutura feminina.

Próximo ao estádio V10, a planta inicia rápido e contínuo crescimento, com acúmulo de massa seca e de nutrientes, continuando até os estádios reprodutivos, de acordo com a figura 4. A planta tem grande demanda por água e nutrientes.

Acúmulo de peso seco, e sua proporção em lâmina foliar, colmo e bainha das folhas, pendão, sabugo e palha da espiga e grãos, na média de 6 híbridos em 2 locais.
Fonte: Adaptado de Bender et al., 2013.

Estádio V12

No estádio V12 a planta apresenta 12 folhas completamente desenvolvidas (figura 5A), é definido o número potencial de grãos em cada espiga e o tamanho da espiga (figura 5B). Neste estádio a planta atinge de 85 a 90% da área foliar.

Figura 5 – Caracterização do estádio V12 (A) e formação do número potencial de óvulos (B).

Caracterização do estádio V12 (A) e formação do número potencial de óvulos (B). Fonte: Adaptado de RITCHIE, HANWAY & BENSON, 1993.

Estádio Fenológico VT – Pendoamento

Ocorre quando o último ramo do pendão está totalmente visível e alguns dias antes da emergência dos estilos-estigmas (figura 6). Neste estádio, a falta de chuva e temperaturas acima de 35°C podem reduzir a formação de grãos de pólen, prejudicar a polinização e consequentemente interferir na formação de grãos na espiga.

Pendoamento (Estádio VT)
Fonte: Adaptado de RITCHIE, HANWAY & BENSON, 1993.

Estádios Reprodutivos (R) de Desenvolvimento

Estádio R1 – Espigamento

Os estilos-estigmas estão visíveis fora da espiga. A polinização ocorre quando os grãos de pólen estão sendo liberados e se depositam sobre os estilos-estigmas. Entre 2 e 3 dias são necessários para todos os estilos estigmas ficarem expostos e polinizados.

Caracterização do estádio fenológico R1- Estilos-estigmas expostos.
Fonte: Adaptado de RITCHIE, HANWAY & BENSON, 1993.
Caracterização dos estádios fenológicos R2, R3, R4, R5 e R6.
Fonte: Adaptado de Zhao et al., 2012.

Estádio R2 – Grão bolha

O que virá a ser um grão de milho lembra uma bolha, apresenta aproximadamente 85% de umidade, inicia a formação do embrião e se inicia o acúmulo de amido no endosperma.

Estádio R3 – Grão Leitoso

Embrião em crescimento e os estilos-estigmas começa a secar. Os grãos apresentam coloração amarelada e o fluido está leitoso devido ao acúmulo de amido. Fase de rápido acúmulo de matéria seca e umidade de aproximadamente 80%.

Entre os estádios VT e R3, necessitam a máxima capacidade fotossintética, devido a intensa translocação de foto assimilados para as espigas, sendo um período que as deve ser considerado para aplicação de fungicidas.

Estádio R4 – Grão Pastoso

Redução do conteúdo de água e aumento de teor sólido nos grãos. Umidade de aproximadamente 70% de umidade e já acumularam cerca de 50% de seu peso de maturação.

Estádio R5 – Grão Farináceo Duro

Maioria dos grãos estão farináceo-duro, apresenta formação de depressão no grão (dente), apresenta grande acúmulo de amido e perda de umidade.

Estádio R6 – Maturação Fisiológica

Todos os grãos estão com sua máxima massa seca, formação de uma camada escura na base do grão, no ponto de inserção do sabugo, indicando fim do enchimento de grãos.

Conclusões

A tomada de decisão nas práticas culturais deve ser determinada com base no estádio de desenvolvimento das plantas, e não de acordo com a idade cronológica ou estatura.

Conhecer como a planta se desenvolve possibilita entender melhor o que acontece com a cultura em cada fase do seu ciclo, permitindo intervir com práticas adequadas para potencializar rendimentos.

Referências Bibliográficas

*Colaboração de Hugo François Kuneski, técnico em Agropecuária e Engenheiro agrônomo no Instituto Federal Catarinense Campus Rio do Sul (IFC-Rio do Sul); Mestre e Doutorando em Produção Vegetal no Centro de Ciências Agroveterinárias da Universidade do Estado de Santa Catarina (CAV-UDESC). 

RITCHIE, S. W.; HANWAY, J. J.; BENSON, G. O. How a corn plant develops. Ames: Iowa State University of Science and Technology, 1993. (Special Report, 48).

SANGOI, L., SILVA, P. D., ARGENTA, G., & RAMBO, L. Ecofisiologia da cultura do milho para altos rendimentos. Lages: Graphel, p. 88, 2010.

COMISSÃO DE QUÍMICA E FERTILIDADE DO SOLO (CQFS RS/SC) Manual de calagem e adubação para os estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Porto Alegre: SBCS/Núcleo Regional Sul, 2016. 376 p.

BENDER, R. R., HAEGELE, J. W., RUFFO, M. L., & BELOW, F. E. Nutrient uptake, partitioning, and remobilization in modern, transgenic insect‐protected maize hybrids. Agronomy Journal, v. 105, n. 1, p. 161-170, 2013.

ZHAO, X., TONG, C., PANG, X., WANG, Z., GUO, Y., DU, F., & WU, R. Functional mapping of ontogeny in flowering plants. Briefings in bioinformatics, v. 13, n. 3, p. 317-328, 2012.

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