Armazenamento de sementes de milho: entenda sua importância, os fatos que inferem no bom armazenamento e como fazer isso na revenda ou fazenda.
O período de armazenamento é compreendido desde o momento da obtenção da maturidade fisiológica das sementes no campo até o momento da semeadura no campo
Em regiões temperadas, as sementes podem ser armazenadas em condições ambientais por mais tempo, mas em regiões tropicais, como no Brasil, alguns cuidados especiais são necessários para que a semente não sofra forte declínio da germinação e vigor.
Quase 30% das sementes são perdidas durante o período de armazenamento devido ao ataque de insetos, roedores e micro-organismos.
Por isso, devemos ter atenção às sementes e seu armazenamento com o objetivo de preservar sua qualidade, sendo capaz de gerar safras fortes e produtivas. Aqui explicamos esses princípios e damos dicas sobre o armazenamento de sementes. Confira!
Conceitos básicos do armazenamento de sementes de milho
O armazenamento é uma atividade essencial na manutenção da qualidade das sementes. A definição de como o armazenamento deve ser realizado depende fundamentalmente da longevidade que nós desejamos.
Sendo assim, antes de falar do armazenamento em si, vamos discutir um pouco sobre a longevidade das sementes de milho.
A longevidade corresponde ao período máximo que as sementes permanecem vivas quando armazenadas sob condições ambientais ideais.
A mesma está em grande parte, relacionada com o grau de tolerância das sementes à desidratação e, com base nesse grau, as espécies são classificadas em:
- Tolerantes à dessecação ou ortodoxas;
- Não tolerantes à dessecação ou recalcitrantes;
- Intermediárias.
O milho é uma espécie ortodoxa e por isso tolera o processo de dessecação, o que contribui enormemente para sua longevidade, pois de acordo com Popinigis (1985) quanto maior o teor de água na semente armazenada, maior o número de fatores adversos à conservação de sua qualidade fisiológica.
Em geral, as sementes ortodoxas apresentam longevidade crescente conforme diminuem a temperatura ambiente e o teor de água das sementes.
No entanto, além da tolerância a dessecação, outros fatores influenciam diretamente na longevidade das sementes e consequentemente no sucesso do armazenamento, especialmente esses 5 fatores:
- Qualidade inicial das sementes;
- Processo de beneficiamento;
- Tratamento de sementes;
- Embalagem;
- Condições do armazenamento.
A seguir veremos com mais detalhes cada um desses fatores.
Qualidade inicial: influência direta no armazenamento de sementes
A qualidade das sementes está diretamente associada a etapa de produção no campo, pois é no Ponto de Maturidade Fisiológica (PMF) que as sementes apresentam o máximo acúmulo de matéria seca o que acarreta um maior potencial de germinação e vigor.
A partir desse ponto as sementes começam a se deteriorar. Vale ressaltar que a deterioração é um processo inevitável, podendo a qualidade atingida no PMF, no máximo, permanecer a mesma até o momento da semeadura.
A deterioração é o conjunto de reações degenerativas que vão culminar na redução da viabilidade das sementes.
Vários são os processos degenerativos, mas podemos citar como o principal o estresse oxidativo, causado pelo excesso de radicais livres a partir da redução do O²e/ou espécies reativas de oxigênio, causando uma oxidação de moléculas como, lipídios, proteínas, DNA.
É reconhecido que o estresse oxidativo tem papel fundamental na aceleração da deterioração das sementes.
À medida que os componentes celulares vão sofrendo com o estresse oxidativo a composição das sementes é alterada e vai culminando na perda da qualidade fisiológica.
Nesse sentido, o objetivo da Sementes Biomatrix é reduzir ao máximo esse processo de deterioração, como veremos a seguir.
Como reduzir o processo de deterioração no armazenamento de sementes?
Como dissemos anteriormente, o Ponto de Maturidade Fisiológica é onde a semente está com o mínimo grau de deterioração, no entanto está com teor de água bem elevado, cerca de 35% a 40%.
Para garantir que o processo de secagem seja o melhor possível, 100% dos campos são colhidos em espiga, permitindo colher com o mínimo de deterioração possível.
Após a colheita, as sementes são levadas para a unidade de beneficiamento (UBS), onde serão despalhadas e passarão para a etapa de secagem, seguindo os mais rigorosos padrões de qualidade.
Se as sementes não forem retiradas do campo com alto teor de umidade, elas ficarão expostas a condições ambientais adversas e ao ataque de pragas e patógenos, o que contribuirá para acelerar o processo de deterioração.
Portanto, colher em espiga garante a maior qualidade inicial das sementes de milho, e é exatamente isso que nós da Sementes Biomatrix fazemos.
Processo de beneficiamento de sementes
Desde a colheita até o ensaque dos materiais todos os cuidados devem ser tomados para preservar a qualidade das sementes.
Assim que são colhidas, as espigas com palha são enviadas para a unidade de beneficiamento, onde serão despalhadas e secas. Durante a secagem, os protocolos de ventilação e temperatura precisam estar alinhados à genética de cada híbrido para evitar danos de secagem.
Quando as sementes atingem cerca de 12% de umidade as mesmas são debulhadas e classificadas. Durante esses processos deve-se atentar para a regulagem do maquinário para evitar a ocorrência de danos mecânicos, pois estes contribuem para o processo de deterioração.
As Sementes Biomatrix conta com sistemas automatizados e ao longo do processo são retiradas várias amostras para verificação da conformidade do processo. Você pode ver mais sobre o beneficiamento de sementes neste artigo.
Tratamento do armazenamento de sementes
Durante o armazenamento o ataque de insetos e fungos, causam diminuição do peso do produto, fermentação, rancificação dos lipídeos e todos esses processos vão reduzir a qualidade do lote de sementes.
O ataque de fungos é um dos principais causadores de danos e deterioração de grãos, sementes e outros produtos agrícolas. A perda do produto, provocada por micro-organismos durante o armazenamento inadequado, pode chegar ao total da massa armazenada, segundo Silva et al.(1995).
Por isso 100% das sementes produzidas pela Biomatrix são tratadas com fungicidas e inseticidas de qualidade comprovada para o controle de patógenos e pragas de armazenamento.
Embalagem
A embalagem constitui-se um dos fatores mais importantes durante o armazenamento de sementes, pois confere as sementes maior proteção contra a umidade, insetos, roedores e danos no manuseio. É na embalagem também que estão as informações do lote comercializado.
Como aqui comentado, durante o processo de armazenamento a deterioração das sementes é irreversível, no entanto a velocidade do processo pode ser minimizada por meio de procedimentos adequados, como a utilização de embalagens de alta qualidade.
Independentemente do tipo de embalagem, papel multifoliado ou big bag, é sempre importante garantir que as mesmas não foram violadas e que estão lacradas, garantindo assim os atributos atestados pelo produtor das sementes.
Condições do armazenamento de sementes
Condições de armazenamento na empresa produtora de sementes
Se o armazenamento das sementes não for realizado de maneira ideal, todos os esforços empreendidos na fase de produção, poderão ser perdidos.
Para garantir a conservação das sementes, ou seja, minimizar o processo de deterioração é importante que as atividades metabólicas das sementes sejam reduzidas.
Dessa maneira, reduz-se o consumo das reservas e prolonga-se o período de viabilidade. Para isso, as sementes devem ser armazenadas em baixa umidade relativa e baixa temperatura.
Isso porque as condições ambientais no armazém, particularmente a temperatura e a umidade do ar, exercem forte influência sobre a qualidade das sementes armazenadas. A umidade relativa do ar controla o teor de água da semente, enquanto a temperatura afeta a velocidade dos processos bioquímicos.
A associação com elevadas temperaturas favorece os processos respiratórios das sementes e a atividade de microrganismos e de insetos. Para se ter uma ideia, temperaturas na faixa de 23 a 35ºC e teores de água das sementes entre 12 e 15% são favoráveis ao desenvolvimento de traças e gorgulho, principais pragas de armazenamento da cultura do milho.
A alteração das condições de ambiente do armazém, pela diminuição da temperatura e/ou da umidade relativa do ar, reduz ou minimiza a atividade dos insetos, bem como reduz o metabolismo das sementes.
Nesse sentido, temos a conhecida “Regra de Harrington”, a qual afirma que o período seguro de armazenamento das sementes ortodoxas (como o milho) duplica para cada redução de 1% no grau de umidade das sementes (base úmida), dentro do limite de 5 a 14%, ou decréscimo de 5,5 ºC na temperatura ambiente, dentro do limite de 0 a 50 ºC. Ambas as reduções efetuadas simultaneamente têm efeitos aditivos (Harrington, 1972).
O diagrama geral de conservação de Cereais, ilustra de maneira simplificada as condições em que se iniciam a perda de poder germinativo, a deterioração e o desenvolvimento de insetos (esse diagrama foi estabelecido experimentalmente).
Como exemplo, se considerarmos a umidade das sementes de 12 a 13% precisamos manter a temperatura inferior a 19ºC para garantir uma boa zona de conservação.
Visando garantir um excelente armazenamento de seus produtos, a Sementes Biomatrix investiu em armazéns climatizados, com controle automático da temperatura e umidade.
Condições de armazenamento nas revendas e propriedades rurais
Para garantir a conservação das sementes nos armazéns das revendas e das fazendas o primeiro ponto é levar em consideração que as sementes são organismos vivos e que precisam estar bem protegidas durante todo o tempo em que permanecem no estabelecimento, ou guardadas na propriedade rural.
A seguir, algumas recomendações para melhor armazenar e conservar as sementes na sua propriedade.
- As sementes devem ser armazenadas em local seco, arejado e coberto, pois o calor excessivo, a luz solar direta e a umidade prejudicam a sua qualidade.
- O local de armazenagem deve ser isolado ou separado dos depósitos de adubos, sal mineral e outros produtos salinos, que possam danificar as sementes.
- Não armazene as sementes próximo a tanques de óleo diesel, lubrificantes, defensivos agrícolas ou produtos químicos em geral.
- Não monte as pilhas de embalagens de sementes diretamente no solo, ou sobre piso cimentado: para fazer as pilhas, use sempre estrados de madeira, limpos e secos, com no mínimo 10 cm de altura a partir do piso.
- Não encoste a pilha de sacarias de sementes próximo às paredes. Respeite sempre a distância mínima de 50 cm.
- Não deixe embalagens abertas. Sacaria fechada ajuda a conservar a qualidade das sementes.
- Mantenha o local de armazenagem das sementes sempre limpo, evitando que pragas, insetos ou roedores se multipliquem no local.
- O controle periódico de pragas e roedores são imprescindíveis para a manutenção das boas condições das sementes.
- Evite fazer pilhas muito altas, para maior segurança durante seu manuseio. Também evite que as pilhas cheguem próximo ao teto, para reduzir a exposição das sementes ao calor.
- Programe sempre para levar a semente para a propriedade rural o mais próximo possível da época da semeadura.
Tomando todos esses cuidados, o processo de deterioração será minimizado e o vigor das sementes mantidos, garantindo assim uma rápida e uniforme emergência em campo sob amplas condições ambientais.
Conclusão
A semente é um dos principais veículos para entregar melhorias para o agricultor, constituindo em um insumo crítico na produção agrícola.
Aqui vimos como garantir a qualidade das sementes no armazenamento e como fazê-lo da melhor forma.
Aproveite o conhecimento e boa safra!
Bibliografia
*Colaboração de Izabel Costa Silva Neta, engenheira agrônoma, mestre e doutora na área de sementes, além supervisora de qualidade na Helix Sementes.
HARRINGTON, J. F. – Seed storage and longevity. In: KOSLOWSKI, T. T. – Seed biology. New York, Academic Press, 1972. v. 3, p. 145-245.
LASSERAN, Jean-Claude. Aeração de grãos. Tradução de José Carlos Celaro, Miryan Sponchiado Celaro e Miriam Costa Val Gomide. Viçosa, Centro Nacional de Treinamento em Armazenagem, Ilust. (Série CENTREINAR, n.2). 1981.
POPINIGIS, F. Fisiologia da semente. 2.ed. Brasília: AGIPLAN, 1985. 289p.