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Enfezamento do milho: Como fazer o manejo efetivo e evitar prejuízos

Enfezamento do milho: entenda mais sobre a doença, sintomas, principais medidas de controle e manejo do vetor cigarrinha.

A incidência dos enfezamentos tem aumentado nos últimos 3 anos, principalmente em regiões em que se é praticado o cultivo sucessivo de milho, como Minas Gerais e Sudoeste de Goiás.

Essa ponte verde favorece a migração e desenvolvimento da cigarrinha-do-milho, principal transmissor da doença.

Neste cenário, é importante conhecer as medidas mais efetivas para controlar o complexo de enfezamentos, as quais envolvem também o manejo da cigarrinha.

A seguir, entenda mais sobre o enfezamento e veja como evitar prejuízos pela sua ocorrência:

Enfezamento vermelho, enfezamento pálido e seus sintomas

Os enfezamentos geralmente são causados por molicutes, que são bactérias sem parede celular. 

Estes microrganismos infectam o milho e se reproduzem nos vasos condutores de seiva (floema), dificultando a absorção e assimilação de nutrientes pela planta, o que a torna mais suscetível a doenças secundárias como tombamentos e podridões. 

Os sintomas dos enfezamentos são mais evidentes após o estágio reprodutivo. Tanto o enfezamento pálido como o vermelho podem causar a proliferação e/ou mal granação das espigas e redução de porte e até morte prematura. 

Má granação pela ocorrência de enfezamento do milho

Nos pivôs, também tem sido constatado o quebramento de plantas verdes associado ao enfezamento do milho. 

Os enfezamentos no milho podem ser do tipo pálido, causado por espiroplasma, ou vermelho, causado por fitoplasma.  O pálido é conhecido por causar o amarelecimento/clorose da planta, enquanto o enfezamento vermelho no milho causa um avermelhamento ou arroxeamento.

Contudo, é difícil diagnosticar o tipo de enfezamento somente pela coloração da planta, pois outros fatores interferem, como nutrição, estresse hídrico e temperatura, etc.  Além disso, uma mesma planta pode conter o fitoplasma e/ou espiroplasma, agravando ainda mais o diagnóstico e, claro, os prejuízos.  

Lavouras com sintomas do enfezamento do milho

Você pode ver mais sobre os enfezamentos, sintomas e controle neste episódio do BM Web:

Fatores que favorecem o enfezamento do milho – e como impedir que eles ocorram

Como já comentado, em muitos dos locais em que foi verificado aumento dos enfezamentos, há a semeadura de milho tanto na safra de verão como na safrinha. Isso ocorre por conta da disponibilidade de pivôs para irrigação na produção. 

Assim, a presença das plantas de milho em safras seguidas permite a chamada “ponte verde” para pragas. Ou seja, há o alimento durante todos esses meses para a cigarrinha (Dalbulus maidis), vetor do enfezamento, garantindo a presença do inóculo da doença a ser disseminada. 

Da mesma forma, a presença de plantas voluntárias de milho (de tiguera), também é um fator considerável, já que funcionam como uma ponte verde entre as diferentes épocas de cultivo de milho.

Outro fator importante é a capacidade da cigarrinha-do-milho migrar de lavouras mais velhas para aquelas mais novas, possibilitando maior tempo de desenvolvimento da praga e maior disseminação da doença.

A redução de aplicação de inseticidas para lagartas, devido ao uso de cultivares transgênicas (milho Bt), bem como a própria diminuição da população de lagartas, diminuindo a competição, também pode ter favorecido o aumento da população das cigarrinhas-do-milho. 

Cigarrinha na folha de milho

Tendo em vista esses fatores, podemos entrar com medidas preventivas em relação a cada uma delas:

Como prevenir os enfezamentos do milho

• Cultive híbridos com maior tolerância (chamado também de “milho tolerante a cigarrinha”)

• O controle de plantas voluntarias de milho (tiguera) é fundamental para evitar a ponte verde entre lavouras já infectadas e novas plantações;

• Controle também outras plantas hospedeiras, como braquiária (sobrevivência, mas não reprodução);

• Em áreas próximas onde já foi detectado o enfezamento é recomendado evitar novos plantios de milho, bem como cultivo sucessivo, pois haverá fluxo de cigarrinhas contaminadas para a nova lavoura;

• Ainda nesse sentido, considere realizar a rotação de culturas com plantas não hospedeiras da doença (não cultivar sorgo ou braquiária, por exemplo), cabe enfatizar que sorgo não é suscetível aos enfezamentos;

• É fundamental tratar as sementes com inseticidas registrados para controlar a cigarrinha nos primeiros estádios das plantas e aplicação foliar principalmente até v6;

• Em áreas de grande incidência, considere fazer a calendarização de semeadura com os produtores da sua região, grandes períodos de milho disponível para a cigarrinha, já que a praga possui grande capacidade de migração;

• Nesse sentido, evite também plantios escalonados.

Entenda mais sobre o vetor da doença: cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis)

A cigarrinha do milho é a única que transmite o fitoplasma e o espiroplasma (Spiroplasma kunkelii) no Brasil, além de transmitir o raiado fino no milho, uma virose (maize rayado fino marafivirus –. MRFV).

Cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis)Fonte: Valarezo, Intriago e Muñoz – Facultad de Ingeniería Agronómica de la Universidad Técnica de Manabí

A cigarrinha é um inseto ágil, apresenta cor amarelo-palha e 0,4 cm de comprimento tem duas manchas circulares negras na cabeça.  Seu ciclo (ovo até adulto) tem em torno de 25 dias, e a longevidade do adulto em média é de 50 dias, podendo chegar a 110 dias.

Muitas vezes a cigarrinha-do-milho é confundida com a cigarrinha-das-pastagens/cana (Deois spp. e Mahanarva spp.), no entanto repare na imagem abaixo que essas espécies diferem da cigarrinha-do-milho em vários aspectos, especialmente as cores mais escuras e o maior tamanho. 

Cigarrinha-das-pastagens (Deois flavopicta)
Fonte: Embrapa

A distribuição da praga é ampla, ocorrendo desde o sul dos Estados Unidos da América até a Argentina. Esta praga também pode ser disseminada por correntes de ar a distâncias de até 25 km, podendo contaminar lavouras distantes do seu ponto de origem.

Para a cigarrinha transmitir a doença, primeiramente é preciso que ela adquira o patógeno de outra planta contaminada. E para que ocorra a transmissão da cigarrinha contaminada para uma planta sadia são necessários entre alguns minutos ou horas de alimentação no milho.

Principais medidas de controle para cigarrinha-do-milho

O manejo deve englobar primeiramente medidas preventivas, as quais já forma mencionadas no início deste artigo.

Lembrando que a principal ferramenta de controle é o uso de híbridos mais tolerantes aos enfezamentos, conforme já aqui comentado.

Com isso em mente, é imprescindível o monitoramento da lavoura de milho, desde os estágios iniciais para identificar a presença das cigarrinhas e/ou sintomas dos enfezamentos, tornando possível saber a dimensão do problema na área.

Além disso, o controle químico com a pulverização com inseticidas até o estágio de V6 a V8 do milho pode reduzir a incidência dos enfezamentos. 

A utilização de tratamento de sementes e as pulverizações com inseticidas, em diversas lavouras na mesma região, também reduz a população de cigarrinhas

Alguns exemplos de ingredientes ativos dos produtos registrados para o controle da cigarrinha são Tiametoxam, Imidacloprido, Clotianidina (Neonicotinoides), mistura de Lambda-cialotrina + Tiametoxam (Piretroide + Neonicotinoide) e Beauveria bassiana (biológico).

Ainda assim, a eficiência das aplicações vai depender da pressão da praga no local, do efeito residual do inseticida e da preservação dos inimigos naturais, os quais podem ter populações reduzidas com o excesso de pulverizações.

Veja também nossos artigos sobre míldio e mancha-branca no milho!

Conclusão

Aqui você viu como é feito o manejo adequado dos enfezamentos do milho para evitar prejuízos, conhecendo melhor seus sintomas e condições de favorecimento dessas doenças.

Falamos também de como fazer o controle químico, inclusive as principais épocas de controle e produtos para isso.

Aproveite esse conhecimento e deixe sua dúvida ou comentário aqui!

Bibliografia

*Colaboração de Jeferson Rodrigo Pestana, engenheiro agrônomo, mestre em fitopatologia especialista em Proteção de Plantas

OLIVEIRA C.D. et al. Recomendações para o manejo de doenças do milho disseminadas por insetos-vetores. Circular Técnica 205, 15p., 2014.

OLIVEIRA C.D., SABATO E.D. Doenças em milho: insetos-vetores, molicutes, vírus. Brasília, DF: Embrapa. 2016.

Como você faz o manejo do enfezamento do milho? Ficou alguma dúvida ou tem sugestões? Deixa seu comentário abaixo!

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