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Capim-amargoso em milho: como fazer o controle

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Capim-amargoso: como identificar essa planta daninha, quais herbicidas tem melhor resposta no manejo, controle cultural e muito mais! 

O capim-amargoso Digitaria insularis (L.) Fedde, é uma espécie de planta perene cujo ciclo pode durar mais de dois anos, pertencente à família Poaceae.  

A grande dificuldade para controlar esta planta daninha é devido pelo fato de haver populações resistentes a importantes herbicidas utilizados na agricultura, principalmente ao glifosato. 

Na cultura do milho, a dificuldade é ainda maior já que a cultura possui características similares às da planta daninha. 

Aqui reunimos informações fundamentais para o correto manejo do capim-amargoso, como sua identificação, uso de herbicidas, práticas culturais e outros. Confira! 

Capim-amargoso resistente a herbicidas 

O primeiro relato de resistência foi ao herbicida glifosato (inibidor de Enolpyruvyl Shikimate Phosphate Synthase – EPSPs) registrado na Província do Alto Paraná, Paraguai no ano 2000.  

O primeiro relato de resistência a este herbicida no Brasil, foi em 2008 no estado do Paraná. Em 2016 foi registrado resistência aos herbicidas fenoxaprop-ethyl e haloxyfop-methyl (inibidores da Acetyl CoA Carboxylase – ACCase) e logo em seguida, em 2020, nos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, foi detectado população de capim-amargoso com resistência múltipla a estes dois sítios de ação (HEAP, 2021). 

Diversos fatores relacionados às características do capim-amargoso, somados à intensa exposição aos herbicidas, são responsáveis pelo desenvolvimento da resistência dessa espécie de planta daninha, como: 

  • Alta capacidade de adaptação, sobrevivência e reprodução em diferentes ambientes durante o ano inteiro, inclusive em solos de baixa fertilidade, podendo produzir mais de 100 mil sementes uma única planta; 
  • Diferentes formas de propagação podendo ser por semente (reprodução sexuada) ou por estrutura vegetativa produzida em subsuperfície, denominada de rizomas (reprodução assexuada); 
  • Facilidade de dispersão pelo vento; 
  • Baixa porcentagem de dormência; 
  • Alta porcentagem de germinação. 
Detalhe do capim-amargoso (Digitaria insularis) 
Fonte: HEAR 

Como identificar capim-amargoso? 

O primeiro passo para controlar o capim-amargoso é saber identificá-lo corretamente. Esta planta daninha apresenta um desenvolvimento vegetativo bastante vigoroso formando touceiras, e mesmo após o controle químico, ou quando é cortada ou queimada, apresenta facilidade para rebrotar.  

Por ser uma espécie de ciclo fotossintético C4, o aproveitamento da luz solar e a resposta fotossintética são maiores em condições de alta irradiância e temperatura elevada, condições ambientais comuns durante o verão, favorecendo seu crescimento, desenvolvimento e reprodução. 

É uma planta perene, herbácea, ereta, entouceirada, rizomatosa, que chega a medir de 50 a 150 cm de altura. Os colmos são cilíndricos com entrenós longos e as folhas possuem bainhas longas. 

A identificação é mais fácil quando a planta está na fase adulta, principalmente pelas características da sua panícula que é grande e bastante vistosa, medindo de 15 a 30 cm de comprimento, sendo que cada panícula é formada por 20 a 50 racemos cobertos por pelos sedosos de coloração amarelo-prateada, como mostrado abaixo: 

Planta adulta entouceirada de capim-amargoso (Digitaria insularis) 
Fonte: Revista Cultivar 

Porém, apesar de ser mais difícil, é de extrema importância conseguir identificá-lo nos primeiros estádios de desenvolvimento.  

A plântula de capim-amargoso apresenta coleóptilo verde e ovalado, com estrias e ápice agudo e sem apresentar pelos, a bainha é esverdeada podendo ter pelos, lígula esbranquiçada e membranácea, lâmina foliar estriada e áspera e colmo ereto e sem pelos, como podemos observar na figura abaixo: 


Plântula e semente de capim-amargoso 
Fonte: Adaptado de Lorenzi (2014) 

Controle do capim-amargoso no milho 

O controle do capim-amargoso apresenta grandes dificuldades pelas suas características, mas essa dificuldade é aumentada quando ela infesta a cultura do milho, pois tanto o capim-amargoso como o milho são monocotiledônias (as chamadas “gramíneas”).  

Além do mais, essa espécie é evolutivamente mais adaptada ao sistema plantio direto do que ao convencional, tornando seu controle muito dependente do uso de herbicidas. 

Para obter sucesso no controle desta planta daninha, é necessário ter um raciocínio sistemático e utilizar mais de um método de controle, associando várias práticas de manejo.  

Antes de tudo, é imprescindível não permitir que uma planta de capim-amargoso produza sementes, evitando assim, aumento do banco de sementes na área. 

Alguns pontos são importantes ter em mente:  

  • A entressafra é um ótimo período para manejar o capim-amargoso pela possibilidade de utilização de mais opções de controle;  
  • O controle em pré-emergência ou quando a plântula apresentar no máximo dois perfilhos proporciona menores custos, além de evitar o aumento da população na área; 
  • Outro ponto importante é não permitir que uma planta de capim-amargoso alcance a fase adulta, pois uma vez que houve a formação de rizomas, que gira em torno de 45 dias após a emergência, a planta tem a capacidade de recuperar a parte aérea após medidas de controle mecânico ou químico. 

Sendo assim, a integração entre herbicidas pré e pós-emergentes pode resultar em melhor controle do que apenas uma aplicação.  

Adotando estas duas práticas também possibilitamos a utilização de mais de um mecanismo de ação, evitando dessa maneira, o aparecimento de biótipos resistentes ou remediando a seleção já ocorrida na área, bem como reduzindo o banco de sementes. 

Veremos mais especificamente sobre o controle químico a seguir. 

Controle químico (uso de herbicidas) para manejo do capim-amargoso 

Trabalhos na literatura, apresentam resultados de pesquisa sobre a eficiência de herbicidas no controle de capim-amargoso.  

Algumas pesquisas mostram que a associação de glifosato + herbicidas inibidores da ACCase são eficientes em plantas jovens.  

Caso o estádio esteja avançado, pode-se realizar aplicações sequenciais. No entanto, é importante saber que herbicidas inibidores de ACCase apresentam baixa persistência no solo, sendo ineficiente seu efeito residual, necessitando assim de herbicidas pré-emergentes para controlar novos fluxos de germinação. 

É recomendável estar atento aos resultados de pesquisa de instituições em cada região produtora sobre quais herbicidas apresentam resultados eficientes.  

Lembrando que a tecnologia de aplicação é também fundamental para o bom controle, veja este artigo que fizemos sobre o assunto aqui no blog. 

Controle cultural do capim-amargoso 

É importante saber que adotando práticas isoladas não conseguirá controle satisfatório, seja prática cultural ou uso de herbicidas, sendo recomendável a adoção conjunta. 

As demais práticas culturais que devem ser adotadas no controle de plantas daninhas, não somente de D. insularis como também das demais espécies infestantes são: 

  • Rotação de culturas, proporcionando maior equilíbrio da biodiversidade da área, reduzindo assim a seleção de espécies daninhas de difícil controle; 
  • Manutenção da cobertura do solo com alguma cultura no período da entressafra tem a capacidade de suprimir espécies daninhas;  
  • Correta época de plantio e população de plantas proporcionará melhor desenvolvimento da cultura e fechamento mais rápido do dossel, suprimindo assim, o crescimento de plantas daninhas; 
  • Plantio de milho consorciado com braquiária oferece excelente controle, pois a braquiária irá competir as com plantas daninhas como o capim-amargoso, não permitindo que a planta se desenvolva. 

 Veja também: 
Glufosinato de amônio: saiba como utilizar este herbicida no milho safrinha 
Manejo de plantas daninhas em sorgo: Dual Gold e outras ferramentas de controle 

Conclusão 

O capim-amargoso é um dos maiores problemas na atualidade, com alto potencial de perdas de produtividade na cultura do milho bem como no aumento dos custos de produção.  

É importante também ter em mente que o nível de infestação de plantas daninhas pode aumentar quando se adota um manejo equivocado na área. 

Porém, existem várias opções de controle, sendo imprescindível adotar práticas em conjunto, já que uma ferramenta de controle isoladamente não atingirá efeito satisfatório.  

Bibliografia 

 *Colaboração de:   André Júnio Andrade Peres, Coordenador de Serviços Técnicos (CST), Helix Sementes; Doutorado em Agronomia (área de concentração Entomologia) pela Universidade Federal de Goiás, Mestre em Agronomia (Agricultura) – Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho; Engenheiro Agrônomo – Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul. 

GRIGOLLI, J. F. J. Manejo e controle de plantas daninhas na cultura da soja. Tecnologia e Produção: Soja 2016/2017. Fundação MS, 2017. Disponível em: <http:// https://www.fundacaoms.org.br/base/www/fundacaoms.org.br/media/attachments/301/301/5bf01cb95129a8130c4169fef2523451f2156495cff60_04-manejo-e-controle-de-plantas-daninhas-na-cultura-da-soja-somente-leitura.pdf>. Acesso em: 30 de ago. 2021. 

HEAP, I. The international Survey of Herbicide Resistant Weeds. Disponível em: <http://www.wedscience.org/Details/Case.aspx?ResistID=5350>. Acesso em: 30 de ago. 2021. 

MELO, M. S. C.; ROCHA, L. J. F. N.; BRUNHADO, C. A. C. G.; SILVA, D. C. P.; NICOLAI, M.; CHRISTOFFOLETI, P. J. Alternativas de controle químico do capim-amargoso resistente ao glifosato, com herbicidas registrados para as culturas de milho e algodão. Revista Brasileira de Herbicidas, v. 16, n. 3, p. 206-215, jul./set. 2017. 

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