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Manejo para o controle do percevejo barriga-verde

Percevejo barriga-verde: como identificar a praga na lavoura e quais os melhores métodos de controle desse percevejo no milho. 

O percevejo barriga-verde é mais uma praga que ganhou importância com o aumento da área plantada de milho na segunda safra. 

Com o aumento das populações desses insetos vemos importantes mudanças na dinâmica do seu controle. Isso exige novas metodologias e busca por alternativas mais eficientes. 

Aqui separamos os mais importantes pontos para identificação desse percevejo e os melhores métodos de controle para o manejo eficiente. Confira! 

Por que o percevejo barriga-verde se tornou uma praga importante no milho? 

Dichelops spp(D. melacanthus e D. furcatuschamado de percevejo barriga-verde) tem sido mencionado como praga secundária da soja desde a década de 70, sendo que nas últimas décadas ele se tornou-se uma das pragas primárias que atacam esta cultura. Nos últimos anos, está praga passou também a causar sérios danos no milho.  

Isso se deve ao fato da conhecida “ponte verde”. Começando pela colheita da soja, é feita de forma gradativa, devido à época de plantio e das variedades com ciclos fenológicos diferentes, o percevejo tem alimento em abundância nessas lavouras por um maior período.  

A ponte verde continua, principalmente, com o plantio do milho na 2ª safra em sucessão à lavoura de soja, aumentando a incidência deste inseto-praga.  

Como já comentamos, as altas populações destes insetos vêm ocasionando importantes alterações na dinâmica do controle de praga, exigindo novas metodologias e busca por alternativas mais eficientes. 

Sintomas do ataque do percevejo barriga-verde na cultura do milho 

O percevejo geralmente ataca o colo da plântula de milho, causando injúrias características, circulares e sequenciais, ficando mais evidente à medida que as folhas se desenvolvem (veja na figura abaixo). 

A- Ataque do percevejo barriga verde junto ao colo da planta. B – Injúria característica do ataque de percevejo barriga-verde 

Esses danos causam deformações nas plântulas, amarelecimento das mesmas e podem resultar em perfilhamento do caule. 

Além disso, para sucção da seiva e alimentação, os percevejos injetam uma toxina no meristema de crescimento da planta, o que leva ao perfilhamento do milho e ao retardo no desenvolvimento e dominância, podendo até mesmo levar a planta a morte.  

Alguns danos como o multiespigamento, formação de plantas sem espiga, problemas de polinização só poderão ser percebido no momento pré-colheita. 

Dessa maneira, em geral, os ataques interferem diretamente na produtividade do milho, causando perdas significantes inclusive no estande final de plantas, além de danos diretos quando o ataque se localiza nos grãos.

Perda de estande de plantas devido ao ataque de percevejo barriga-verde
Fonte: Helix Sementes 

Identificação do percevejo barriga-verde 

O percevejo barriga-verde tem cerca de 10 milímetros de comprimento, possuindo coloração marrom, mas abdômen verde, além de “espinhos” laterais no protórax. 

Percevejo barriga-verde (Dichelops melacanthus) nas fases de adulto (a), ovo (b) e ninfa  
Fonte: J.J. da Silva em Panizzi et al. 

Uma maneira para diferenciação morfológica entre os dois percevejos barriga-verde (D. Furcatus e D. melacanthus) baseia-se no pronoto (os “espinhos”) localizados próximo a cabeça do inseto.  

O pronoto do D. melacanthus é maior e mais escuro que o inseto, enquanto o do D. furcatus é menor e de mesma coloração que a cabeça do inseto. 

Característica do pronoto para diferenciação entre D. furcatus à esquerda e D. melacanthus à direita 
Fonte: Embrapa 

O principal abrigo para este inseto é a palhada “cobertura morta” do solo e até mesmo plantas daninhas como por exemplo trapoeraba Commelina spp.e capim amargoso Digitaria insularis. 

Nesses locais, os percevejos podem encontrar alimento e um microambiente favorável para o seu desenvolvimento em épocas onde não é encontrado alimento. 

Principais medidas de controle para percevejo barriga-verde 

Visando minimizar os danos causados por esta praga no milho, alguns cuidados devem ser tomados desde o manejo adequado e controle da praga na cultura da soja até a colheita do milho. 

1. Levantamento do histórico da área 

O levantamento do histórico da área levando em consideração as culturas antecessoras, pragas, doenças, defensivos agrícolas utilizados, cultivos realizados nas propriedades vizinhas, dentre outros aspectos pode fornecer dados importantes.  

Com este levantamento é possível prever com mais precisão possíveis surtos populacionais de pragas. 

2. Monitoramento da área 

O monitoramento da área em pré-plantio e durante a condução da lavoura é de suma importância. O monitoramento deve sempre ser realizado em períodos pré-estabelecidos e intensificado nos períodos mais críticos do desenvolvimento da cultura.  

O monitoramento dará uma maior capacidade de tomada de decisão, proporcionando uma decisão mais assertiva. 

3. Dessecação antecipada 

A dessecação antecipada da área faz com que o inseto não tenha alimento e abrigo disponível durante o período de pousio da área. O que pode levar a quebra de seu ciclo biológico, diminuindo assim a população do inseto. 

Além do manejo de plantas daninhas, o uso de inseticida na dessecação ajuda a baixar o nível da população inicial dos insetos, realizando um controle inseticida complementar em áreas nas quais o controle de pragas não foi realizado adequadamente na cultura antecessora. 

4. Controle cultural 

O preparo convencional do solo diminui a população da praga, pois além de não disponibilizar abrigo (palhada) para o inseto, com a utilização da aração ocorre a morte do inseto devido ao dano mecânico causado pela ação do implemento e revolvimento do solo. 

Outra medida de extrema importância é o controle de plantas daninhas, pois além de servir de abrigo, as plantas daninhas podem servir de alimento para os percevejos.  

Há relatos de D. melacanthus e D. furcatus ocorrendo em áreas com plantas daninhas como a trapoeraba, crotalária, braquiária e capim-carrapicho como vemos abaixo: 

Fonte: IAPAR e Embrapa 

5. Tratamento de Sementes 

Atualmente o tratamento industrial de sementes é um dos métodos mais eficaz no controle do percevejo barriga verde. Sua utilização é sempre aconselhável para minimizar os danos causados por este inseto e reduzir a população da praga.  

O tratamento de sementes com Poncho® proporciona proteção até 10 dias após a germinação. Depois deste período, a pulverização de inseticida pode ser necessária.  

6. Equilíbrio na nutrição de plantas 

Nos estágios iniciais de desenvolvimento as plantas são mais susceptíveis e merecem maiores cuidados, assim a adubação adequada e equilibrada proporcionará a planta melhor desenvolvimento e rápido estabelecimento. 

7. Controle químico para percevejo barriga-verde

Aplicação de combate em área com alta incidência a aplicação de inseticida após germinação, mesmo com a utilização do tratamento de sementes, se faz necessária. No mercado existem produtos que vêm demonstrando boa eficiência no controle desta praga. 

Para o manejo do D. melacanthus, existem diversos produtos à base de neonicotinóide, piretróide, metilcarbamato e organofosforado para a cultura do milho. Para o D. furcatus esse número é um pouco menor, mas ainda sim existem opções. 

Atenção para realizar o uso alternado de princípios ativos dos inseticidas, já que isso é fundamental para diminuir a probabilidade do surgimento de populações resistentes. 

Manejo Integrado de Pragas (MIP) para percevejo barriga-verde 

O Manejo Integrado de Pragas (MIP) visa a integração de diversos métodos e estratégias de controle compreendendo a dinâmica populacional e o ambiente, objetivando manter o nível populacional abaixo do Nível de Dano Econômico (NDE).  

 O Nível de Controle (NC) é o limiar que justifica a adoção de alguma metodologia de controle. Abaixo deste valor a praga, mesmo que presente na área, não causará um dano econômico significativo e a princípio não é necessário a aplicação de nenhum método de controle.  

Para o percevejo barriga verde o NDE é de 0,8 percevejos por metro quadrado, ou seja, uma população de percevejo maior que 0,8 percevejos por metro quadrado é potencialmente causadora de dano econômico.  

Como nas fases iniciais o milho é mais susceptível ao ataque desta praga, o NC recomendado é de 1 percevejo a cada 10 plantas amostradas. Com isso é recomendado a utilização de algum método de controle sempre que a população for maior que 1 percevejo/10 plantas. 

Também há a escala de notas de injúrias do percevejo barriga-verde que ajuda a determinar melhor o nível de infestação que há na área: 

Conclusão 

O percevejo barriga-verde é uma praga que vem ganhando importância com as chamadas pontes verdes provocadas pela cultura da soja no verão seguida do milho safrinha. 

Aqui vimos os principais pontos de identificação dessa praga as principais medidas para seu controle, destacando o tratamento de sementes e o manejo cultural. 

Aproveite o conhecimento e comece o planejamento do manejo de percevejo barriga-verde! 

*Colaboração de André Mourão, engenheiro agrônomo e mestre em biotecnologia vegetal.

Você já sabia todas essas informações sobre o percevejo barriga-verde? Ficou alguma dúvida? Comente abaixo! 

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