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Interpretação de análise de solo para milho

Interpretação de análise de solo para milho: importância, quais os principais passos e como interpretar as análises de 0-20 cm e 0-40 cm.

Todo plantio deve ser baseado nas características químicas e físicas do solo, o que envolve a análise de solo e sua interpretação.

No entanto, algumas tabelas de análises podem parecer confusas e complicadas demais.

Por isso, reunimos aqui as principais dicas para entender e interpretar as análises de solo para uma cultura de milho ainda mais produtiva. Confira!

Análise de solo para milho: Importância e planejamento

A análise de solo para milho, ou para qualquer outra cultura, é extremamente importante para entender qual é a situação do solo química e fisicamente, permitindo que você faça as correções adequadas para o melhor cultivo.

As estratégias de manejo químico e físico antes do plantio, são práticas de construção da fertilidade do solo, e tem como objetivo deixar o solo preparado para semeadura.

Portanto, devemos fazer o planejamento referente ao solo na qual iremos semear nossas sementes de milho. Esse planejamento envolve:

  • Coleta de solo
  • Interpretação dos resultados
  • Rotação de culturas, adubação verde, culturas de cobertura
  • Recomendação de calcário
  • Recomendação de gesso agrícola
  • Potassagem e fosfatagem corretiva
  • Correção com micronutrientes
  • Adubação em plantio e cobertura  

Aqui vamos focar na interpretação da análise de solo para milho, então, vamos conferir a seguir mais sobre o assunto:

Como fazer a interpretação de análise de solo para milho: principais parâmetros

pH

Indica a acidez dos solos. Solos ácidos possuem baixa disponibilidade de nutrientes e prejudica o desenvolvimento radicular. Eleva-se o pH do solo com a aplicação de calcário.

Fonte: Adaptado de Malavolta

Al+³

É a presença do alumínio tóxico. Sua presença em quantidades indesejáveis, também prejudica o desenvolvimento radicular e inibe a absorção de nutrientes. Elimina-se o alumínio toxico do solo com a aplicação de calcário.

Nitrogênio

Embora esse parâmetro não esteja diretamente apresentado na análise de solo, podemos inferir que solos com maiores teores de matéria orgânica, possuem maior disponibilidade de nitrogênio durante o ano. Quando maior for a diversificação de cultivos (leguminosas e gramíneas), melhor será a disponibilidade de nitrogênio. 

Cálcio (Ca+²) e Magnésio (Mg+²)

A disponibilidade está relacionada diretamente ao pH do solo. Solos ácidos possuem baixa disponibilidade desses nutrientes. Eleva-se os teores de cálcio e magnésio com a aplicação de calcário.

Os calcários encontrados no mercado possuem diferentes concentrações de cálcio e magnésio em sua composição. Portanto, para recomendar o calcário, deve-se levar em consideração a relação cálcio/magnésio do solo, sendo indicado (em geral) a relação de 3-5/ 1.

Potássio (k+)

Nutriente de alta absorção pelas plantas de milho. Sua correção é realizada pela Potassagem corretiva ou através de adubações de plantio e cobertura.

Fósforo (P) 

Nutriente de alto ponto de atenção. Solos ácidos fixam o fosforo nas suas partículas de argila. Sua eficiência está diretamente ligada ao pH. Sua correção é realizada pela fosfatagem corretiva ou através de adubações de plantio. 

Micronutrientes (Boro, Zinco, Manganês, Cobre e Ferro)

Embora exigidos em quantidades menores que os macronutrientes, são importantes para crescimento e desenvolvimento da planta. Estão relacionados a vários processos enzimáticos da planta.

Matéria Orgânica do Solo (MOS)

Sua avaliação está diretamente relacionada ao manejo. Reduções dos valores de matéria orgânica ano pôs ano, indica manejo inadequado. 

A adoção de plantios conservacionista, rotação de culturas, sucessão de culturas e plantio de cobertura com espécies adaptadas a cada região deverão ser implementadas para incrementos de matéria orgânica no solo. 

A presença de matéria orgânica no solo, favorece a maior retenção de água no solo e maior estabilidade da estrutura física, reduzindo a possibilidade de erosão.  

Interpretação de análise de solo para milho em 20 – 40cm

Na camada de 20 – 40 cm devemos estar atentos a dois pontos: 

Al+³ – Presença do alumínio tóxico em 20 – 40 cm

Sua presença em quantidades indesejáveis, prejudica o desenvolvimento radicular.  A eliminação do alumínio toxico em camadas mais profundas, melhora o desenvolvimento radicular em profundidade, tendo como consequência, maior aproveitamento de água e nutrientes. A neutralização deste alumínio é feita com a gessagem. 

Cálcio (Ca+²) em 20- 40cm

Sua disponibilidade está relacionada diretamente a presença do alumínio toxico. A utilização do gesso agrícola além de corrigir cálcio em profundidade e neutralizar alumínio tóxico, fornece enxofre ao sistema (SO⁴). 

Fonte: Adaptado Embrapa

Você deve ter percebido que todos esses parâmetros requerem ações no campo que impactam diretamente na fertilidade do solo. Entenda melhor a seguir como a interpretação da análise de solo e a fertilidade estão ligadas:

A construção da fertilidade exige a correta interpretação de análise de solo 

Quando pensamos em plantar milho com finalidade de grãos ou silagem, devemos primeiro pensar na fertilidade dos nossos solos. Veja nosso episódio sobre o tema na nossa web série BM Web – Academia Online de Milho e Sorgo:

A interpretação de análise de solo para milho não é importante somente para uma adubação bem feita. Ela é crucial para a construção da fertilidade de solo no seu sistema agrícola.

A fertilidade de solo é definida como a capacidade do solo de ceder nutrientes para plantas. Por isso, construir essa fertilidade é fundamental para a disponibilidade de nutrientes a curto e longo prazo.

Com a interpretação correta da análise química do solo você confere a disponibilidade de nutrientes para as plantas em quantidade e no momento certo de absorção pelas raízes. 

Já as análises físicas se referem à compactação do solo e retenção de água no mesmo. De nada adianta um solo fértil, mas compactado. Ainda vale ressaltar que uma área realmente corrigida (com planejamento de rotação, sucessão culturas e culturas de cobertura) apresenta melhora em toda a biologia do solo.

Isso faz com que tenhamos o aumento da capacidade de retenção de água no solo, aumento da decomposição da matéria orgânica e, consequentemente, maior capacidade fornecer nutrientes as plantas. 

Fonte: FAO
Veja também: Híbrido de milho: O que é e outros fatores para considerar em uma semente

Conclusão

Todo plantio parte do planejamento, da construção da fertilidade do solo e das adubações corretivas. E isso exige uma interpretação do solo feita de forma adequada.

Aqui você conferiu como fazer essa interpretação, considerando os principais parâmetros, inclusive em análises mais profundas de 20 a 40 cm.

Lembre-se que as adubações deveram ser feitas de acordo com a fertilidade de cada solo, além das quantidades de nutrientes extraídos e exportados pelas culturas do sistema onde o milho também faz parte.   

*Colaboração de Bruno Lima Soares, engenheiro agrônomo (UFV), mestre, doutor e pós-doutor pela Universidade Federal de Lavras.

E você, como faz a interpretação do solo para milho? Ficou alguma dúvida? Tem alguma sugestão? Deixe seu comentário abaixo!

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