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Pragas iniciais do milho: como identificar e fazer o manejo

Pragas iniciais do milho: Quais são as principais pragas do milho na fase inicial, como fazer a identificação desses insetos e seu manejo. 

O controle das pragas iniciais do milho é crucial para que não ocorra perda de estande e prejuízo no desenvolvimento da lavoura, um dos principais fatores de perda de produtividade.  

As plantas jovens são menores e mais tenras, se tornando mais atrativas aos insetos-praga. Dada essa fragilidade das plântulas, o monitoramento e acompanhamento da lavoura deve ser mais criterioso.  

Pensando nisso, reunimos aqui as principais pragas que ocorrem nessa fase inicial, mostrando suas principais características e formas de controle. Confira! 

Pragas-chave que ocorrem no início do ciclo do milho 

O que são pragas-chave? 

Pragas-chave são aquelas tidas como principais dentro de uma cultura e/ou ambiente e que, em geral, são as que mais causam danos e prejuízos. 

Uma gama de insetos pode atacar o milho em suas fases iniciais. Aqui separamos essas pragas considerando o local em que se encontram e/ou atacam: 

Pragas do solo

  • Corós  
  • Angorá (Astylus variegatus)
  • Percevejo-castanho (Scaptocoris castanea)
  • Larva-alfinete (Diabrotica speciosa)  

Pragas do colmo de milho 

  • Lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus) – ocasionalmente essa lagarta também ataca as raízes 
  • Percevejo barriga-verde (Dichelops melacatnhus)
  • Lagarta-rosca (Agrotis ipsilon)


Pragas da parte aérea do milho

  • Lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) – essa praga pode atacar diversas partes da planta durante todo o desenvolvimento da planta
  • Cigarrinha-das-pastagens (Dalbulus maidis
  • Lesmas, caramujos, cupins, formigas e tripes também podem atacar as plantas de milho nos seus estágios iniciais de desenvolvimento 

Abaixo vemos com detalhes como fazer a identificação, inclusive com fotos das pragas, além de como realizar seu manejo efetivo. 

Pragas iniciais do milho: Corós  

Corós são insetos que, quando larvas, têm o hábito de curvar o corpo em forma de “C”. Na cultura do milho existem diversas espécies chamadas de corós, sendo que aqui destacamos as do gênero Liogenys, uma das principais. 

Em geral, os danos causados pelos corós são localizados, ou seja, verificados em reboleiras. Interessante notar que são mais comuns no sistema de plantio direto. 

As larvas se alimentam do sistema radicular do milho podendo levar a planta morte. Especialmente as Liogenys spp., apresentam coloração branco-amarelada, cabeça marrom, além de pelos e espinhos na região ventral.  

O tratamento de semente é o manejo mais indicado para o controle desse tipo de inseto. O revolvimento do solo também auxilia no manejo, deixando os corós expostos à ação de agentes de controle natural. 

Liogenyus suturalis 

Pragas iniciais do milho: Angorá (Astylus variegatus

Angorá pode causar danos na fase jovem ou adulta do inseto, embora maiores prejuízos sejam observados na fase larval.  

As larvas angorá atacam diretamente as sementes antes da germinação, causando perdas significativas de estande. Nesta fase, elas possuem coloração marrom e densamente coberta por pelos. 

Os adultos são besouros e apresentam 5 manchas negras, podendo ser encontrados em plantas silvestres ou cultivadas, se alimentando do pólen e, assim, causando danos mecânicos aos órgãos florais.  

A semeadura deve ser realizada em ótimas condições de germinação, para que o processo germinativo inicie o mais rápido possível, uma vez que as larvas têm preferência pela semente. Exatamente por isso, o tratamento de semente também é de grande eficácia. 

 Adultos de angorá (Astylus variegatus) 

Pragas iniciais do milho: Percevejo-castanho (Scaptocoris castanea

O percevejo-castanho recebe esse nome por conta de sua coloração castanho claro e são facilmente reconhecidos pelo cheiro desagradável que exalam.  

Esses insetos atacam, além do milho, outras culturas como soja, algodão e pastagem. Vivem sob o solo, buscando sempre regiões mais úmidas no perfil do solo. Esses insetos sugam seiva diretamente das raízes causando um aspecto de deficiência nutricional nas plantas.  

O manejo da praga deve ser feito com produto químico registrados, como organofosforados e  neonicotinoides.  

Percevejo-castanho (Scaptocoris castanea) 

Pragas iniciais do milho: Larva-alfinete (Diabrotica speciosa

Os adultos da larva alfinete, vaquinha ou brasileirinha são esverdeados e apresentam 3 pintas amarelas em cada élitro.  

O adulto se alimenta das folhas e estilo-estigma (cabelo do milho), mas o maior dano é causado pelo ataque das larvas as raízes.  

As larvas se alimentam das raízes, causando aparência de deficiência nutricional e tombamento, podendo levar a planta a morte. Um sintoma conhecido causado por essa praga é o “pescoço de ganso”. 

Para controle é aconselhável o tratamento de sementes e aplicação de inseticida no sulco de plantio.  

A – Larva alfinete (Diabrotica speciosa); B – Adulto da larva alfinete; C – Raiz de milho atacada pela larva alfinete; D- Raiz de milho sadia; E– Plantas de milho com pescoço de ganso

Pragas iniciais do milho: Lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus)  

A lagarta-elasmo inicialmente ataca as folhas do milho, mas depois se desloca para o solo atacando a parte do colmo que fica logo abaixo da camada superficial do solo, além da raiz. Isso causa severas perdas no estande. 

O sintoma característico do ataque desta praga é o “coração morto”, caracterizado pelas folhas centrais secas, facilmente destacadas.  

É uma praga de difícil controle, pois a época mais favorável para o inseto (períodos secos), é a menos favorável para a aplicação de inseticidas.  

Lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus) 

Pragas iniciais do milho: Percevejo barriga-verde (Dichelops melacanthus

O percevejo barriga-verde vem ganhando destaque nas últimas safras com sérios danos na cultura do milho.  

A face dorsal deste inseto é marrom e a ventral verde. Tanto as ninfas quanto o adulto causam danos.  
Esse percevejo do milho ataca a base das plantas nas fases iniciais de desenvolvimento da cultura, sendo que à medida que a planta se desenvolve é possível observar perfurações simétricas no limbo foliar.  

Perda de estande, multi espigamento, perfilhamento e o surgimento de plantas dominadas são as principais injúrias causadas pelo ataque dessa praga. 

A – Ataque do Percevejo barriga-verde (Dichelops melacanthus), no colo da planta de milho. B – Dano característico causado pelo ataque do percevejo barriga-verde 

O manejo desta praga deve ocorrer tanto no milho quanto na soja, já que é também uma praga da soja, migrando de uma cultura para outra. 

Pragas iniciais do milho: Lagarta-rosca (Agrotis ipsilon

A lagarta-rosca vive no solo em pequenas profundidades, sendo que seu ataque é normalmente durante a noite.  

Essa praga corta as plantas rente ao solo, causando sua morte. Também pode ocorrer o surgimento do sintoma “coração morto” quando a lagarta se alimenta da parte interna do colmo formando galerias, além do perfilhamento.  

O manejo se dá preferencialmente com o controle de plantas daninhas na área, já que é uma praga polífaga (que se alimenta de vários tipos de plantas).  

O controle pode ser feito por inimigo natural, microhimenópteros e moscas. É possível a utilização de armadilha atrativa a base de açúcar ou melaço, adicionando-se algum produto químico. Em pulverização, é aconselhável o uso de piretroide, porém existem produtos registrados a base de organofosforado e antranilamida.  

Dano característico do ataque da lagarta rosca (Agrotis ipsilon), ataque e corte da planta rente ao solo 

Lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda

Quando a pergunta é “Qual a principal praga do milho?” A resposta, nos últimos anos, é a lagarta-do-cartucho, causando enormes prejuízos na cultura. 

Em condições de safrinha, a alta umidade e temperatura favorecem o desenvolvimento deste inseto, tornando seu ciclo mais rápido. Com isso o agricultor deve sempre ter uma atenção especial nas fases iniciais de desenvolvimento da cultura. 

Esta lagarta pode ser encontrada se alimentando de diversas partes da planta de milho, desde a germinação até o ponto de colheita.  

Após a eclosão dos ovos as lagartas começam a raspar o limbo foliar e à medida que crescem se deslocam para o cartucho da planta. Lagartas com 8 a 14 dias de idade podem destruir facilmente plantas menores e causar danos severos em plantas maiores.  

Na espiga, além de atacar diretamente o grão, o seu dano facilita a entrada de fungos oportunistas causando sérios problemas de podridão de grãos. Uma característica morfológica que facilita sua identificação é a presença de um “Y invertido” na sua capsula encefálica. 

A – Dano causado a planta de milho causado pela lagarta do cartucho (Spodoptera frugiperda); B – “Y invertido” na cápsula encefálica da lagarta do cartucho: C – Lagarta-do-cartucho com aproximadamente 10 dias de idade   

Produtos biológicos a base de Bacillus thuringiensis (Bt), Baculovirus e fungos mostram grande eficiência no controle. 

Cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis

A cigarrinha-do-milho é o principal inseto vetor transmissor dos molicutes (fitoplasma e espiroplasma) que causam nas plantas de milho o enfezamento vermelho e pálido, respectivamente.  

A doença é transmitida de uma planta doente para uma planta sadia através da cigarrinha, que ao sugar a seiva da planta, a infecta com o vírus.  

A cigarrinha sobrevive apenas no milho, migrando de áreas com plantas mais velhas para áreas com plantas novas. Por esse fato o vazio sanitário (período determinado sem plantio de milho na área) e a rotação de cultura podem ser bons aliados no manejo dessa praga.  

Confira como fazer o manejo da cigarrinha e dos enfezamentos neste nosso artigo: Enfezamento do milho: Como fazer o manejo efetivo e evitar prejuízos

 Cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis) 

Como evitar as pragas iniciais do milho na sua área: manejo preventivo 

Alguns cuidados para o manejo de pragas iniciais da cultura do milho, devem ser levados em consideração: 

Levantamento da área

Conhecer os cultivos anteriores de cada talhão e cultivos realizados nas áreas vizinhas, pode dar um bom indicativo de presença e frequência com que ocorrem as pragas naquela região.  

Monitoramento de pragas 

Faça visitas periódicas na lavoura. A vistoria frequente a área torna a tomada de decisão mais assertiva, sendo possível determinar o momento ideal para que alguma medida intervencionista seja tomada. 

Manejo de plantas daninhas na entressafra 

As plantas daninhas atuam como “ponte verde” servindo de alimento e abrigo para as pragas até a implantação da cultura de interesse. Por isso o manejo destas pode influenciar em uma melhor eficiência no manejo de pragas. 

Dessecação antecipada com inseticida 

A dessecação antecipada da área proporcionará uma quebra na “ponte verde”. Essa ação associada a aplicação de algum inseticida leva a diminuição considerável das pragas no momento da instalação da cultura. 

Adubação correta 

Uma boa adubação proporciona a cultura melhor desenvolvimento e estabelecimento. 

Tratamento de sementes 

O Tratamento de Sementes (TS) é de extrema importância. Alguns princípios ativos para controle de algumas pragas, principalmente pragas que atacam a raiz, só estão disponíveis para aplicação via tratamento de sementes.  

Como bons exemplos de tratamento de sementes temos o Poncho® (aconselhável para  percevejos e outras pragas importantes do milho) e o Dermacor® (utilizado para pragas de solo e pragas foliares iniciais).  

Aplicação de inseticida no sulco de plantio 

Essa aplicação é uma forma adicional de controle para pragas subterrâneas. Alguns inseticidas utilizados para aplicação no sulco de plantio também têm ação após a emergência da planta contra insetos desfolhadores. 

Tecnologia Bt 

Hoje existe disponível no mercado sementes milho com tecnologia Bt para o manejo de pragas desfolhadoras e de raiz.  

Esta tecnologia é de grande valia para o manejo de pragas, pois o pacote tecnológico disponível na semente proporciona o controle de diversas pragas de forma efetiva.

Contudo, este não deve ser o único método adotado para o controle de pragas. Outro ponto importante é que quando utilizamos essa tecnologia é extremamente importante e necessária a adoção da área de refúgio. 

Manejo Integrado de Pragas para o controle de pragas iniciais do milho 

Para o manejo de pragas iniciais, assim como de qualquer praga que ocorra ocasionalmente durante o ciclo da cultura, deve ser implantado o Manejo Integrado de Pragas (MIP).  

O MIP é uma prática que leva em consideração os níveis populacionais das pragas e integram diversos métodos de controle, como os que aqui comentamos: controle cultural, controle varietal, controle biológico, controle químico, genético e outros.  

Conclusão  

Aqui vimos as principais pragas iniciais do milho, sejam elas pagas do solo, colmo e/ou parte aérea, além de observar fotos e conferir suas principais características. 

Você pôde ver também quais os tipos de controle mais adequados para cada um desses insetos e como fazer para prevenir seus ataques. 

Bibliografia *Colaboração de André Mourão, engenheiro agrônomo e mestre em biotecnologia vegetal 
AGROFIT: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Disponível em: http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons
CRUZ et al. Manual de identificação de pragas da cultura do milho, 1997. 
CRUZ et al. Manual de identificação de pragas do milho e de seus principais agentes de controle biológico, 2008. 
ARAGÃO et al. Manual de pragas do milho, 2009. 

Como você controla hoje as pragas iniciais do milho? Gostou das dicas? Tem alguma sugestão ou dúvida? Comente abaixo! 

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