Deficiência de potássio no milho: como identificar na lavoura, o que fazer para uma boa nutrição de K no milho, quando aplicar e outras dicas.
O potássio (K) é o segundo nutriente mais absorvido pelo milho, ficando atrás apenas do nitrogênio. É um elemento essencial para o crescimento e desenvolvimento das plantas.
Esse macronutriente tem duas funções principais na planta: ativação das enzimas para produção de proteínas e açúcares e atuação no controle de água presente nas células (turgescência).
No milho, o potássio contribui para elevar a qualidade do vegetal, relacionada principalmente a massa individual dos grãos e o número de grãos por espiga.
Além disso, a presença desse nutriente favorece o aparecimento precoce da inflorescência feminina (auxilia no sincronismo floral) e eleva a resistência do colmo e provoca maturação uniforme.
Entenda mais sobre o potássio no milho, sintomas de deficiência na lavoura, época de aplicação e mais!
Por que vemos um aumento da ocorrência de deficiência de potássio no milho?
Até pouco tempo, as respostas ao potássio em ensaios de campo com o milho, eram em geral, menos frequentes e mais modestas que aquelas observadas para fósforo e nitrogênio, devido principalmente aos baixos níveis de produtividade obtidas.
Assim, nos últimos anos tem-se verificado reversão desse quadro devido aos seguintes aspectos:
- Uso de híbridos de milho de alto potencial produtivo. Com a introdução de germoplasmas de clima temperado, de ciclo cada vez mais rápido e maior índice de colheita, permitindo o uso de maior densidade de semeadura;
- Redução do espaçamento e aumento da população de plantas por área para a maioria dos novos híbridos, com maior demanda de nutrientes;
- Sistema de produção utilizado pelos agricultores como rotação e/ou sucessão soja-milho, uma leguminosa altamente exigente e exportadora de K;
- Uso frequente de formulações de fertilizantes com baixos teores de K;
- Conscientização dos agricultores da necessidade de recuperação da fertilidade dos solos através do uso de corretivos e fertilizantes;
- Aumento do cultivo de milho silagem, altamente exigente e exportador de K.
Quais sintomas de deficiência mineral de potássio nas folhas de milho?
Os sintomas de deficiência são primeiramente observados nas folhas mais velhas, pois o potássio é um elemento bastante móvel no floema. Então, sob deficiência, move-se facilmente para as folhas que estão em crescimento e, portanto, necessitam de uma maior demanda (FERNANDES, 2006).
A deficiência apresenta sintomas característicos, sendo em geral compreendidos por clorose nas bordas e pontas das folhas mais velhas, provocando secamento (aspecto de queimado) e evolui em direção à nervura central, como você pode ver na figura abaixo.
Também são observados colmos com entrenós mais curtos e em folhas jovens podem ocorrer clorose intermediária, comumente confundido com deficiência de ferro.
Os sintomas e problemas da deficiência de potássio no milho se agravam no caso de períodos de seca, já que o K está envolvido na eficiência de utilização da água, e com a falta do nutriente no vegetal, os efeitos do estresse hídrico tornam-se ainda mais evidentes.
Um ponto importante é cuidado para não confundir sintomas de deficiência de potássio com sintomas de deficiência de nitrogênio.
Para sintomas de deficiência de K o secamento (ou queimadura) se dá no sentido da borda para a nervura central da folha, enquanto os sintomas de deficiência de N, o secamento (ou queimadura) se dá no sentido da nervura central para a borda da folha, como você pode observar nas imagens abaixo.
Como aplicar potássio no milho?
O milho possui maior necessidade de potássio na fase inicial, de 30 a 40 dias após a emergência, com taxas de absorção superiores ao N e fósforo (P) nessa fase.
Como demonstrado na figura, a absorção mais intensa de potássio pelo milho ocorre nos estádios iniciais de crescimento (estádios V5 a V14). Quando a planta acumula 50% de matéria seca (60 a 70 dias), cerca de 90% da sua necessidade total de potássio já foi absorvida.
Assim, normalmente, recomenda-se aplicar o fertilizante no sulco por ocasião da semeadura do milho. Isso é mais importante para solos deficientes, em que a aplicação localizada permite manter maior concentração de nutriente próximo às raízes, favorecendo maior desenvolvimento da planta.
Porém, em situações em que a deficiência é muito alta, a quantidade a aplicar é demasiada. Desta forma, recomenda-se parcelar a aplicação quando a recomendação exceder 60 kg/ha de K2O.
O principal fertilizante potássico utilizado é o cloreto de potássio (KCl), o qual possui elevado efeito salino pela maior tendência em aumentar a pressão osmótica do solo, com risco da “queima” da semente ou raiz da planta. A recomendação em não exceder 60 kg/ha é exatamente para diminuir esse efeito salino.
É importante lembrar que o potássio é um nutriente móvel no solo e o cloreto de potássio um fertilizante de alta solubilidade, essas duas características favorecem sua aplicação parcelada.
Por isso, além da diminuição do efeito salino, a divisão das doses de potássio ao longo do desenvolvimento da cultura é indicada também por ser lixiviado, principalmente em solos arenosos.
Uma alternativa em situações em que há necessidade de parcelamento da aplicação, é aplicar metade da dose no plantio e outra metade juntamente da cobertura nitrogenada. Um cuidado necessário é realizar a aplicação de cobertura no máximo até 30 dias após o plantio.
Outra forma, é aplicação a lanço da dose total ou parcelada em pré-plantio. Essa forma é mais recomendada para solos de textura argilosa.
A recomendação de potássio é sempre ajustada com a análise de solo. No verão, para plantios de milho silagem, deve-se ter atenção, tendo em vista que a extração de potássio é alta, podendo ser superior a 220 kg/ha de K2O para produtividades superiores a 60 toneladas de massa verde. Recomenda-se que sua aplicação deve ser baseada em 12,5 kg de K2O para cada tonelada de MS (Matéria Seca).
A adubação de potássio para milho safrinha pode ser feita na soja, no sistema soja-milho ou aplicado em cobertura em doses superiores a 60 kg de K2O por hectare (SOARES, 2020).
Conclusão
O potássio tem resultado direto na produtividade de milho. Diante disso, saber as técnicas de seu manejo e maneiras de aplicação são aspectos muito importantes para sucesso na produção da cultura.
Além disso, conhecer os sintomas de deficiência visual e realizar análise de solo são aspectos importantes para resolver um problema de deficiência de potássio na área e efetuar uma aplicação eficiente do nutriente. Assim é garantido a correção adequada e consequentemente melhores resultados produtivos.
Bibliografia
*Colaboração de Murilo Durli, Engenheiro Agrônomo (Unoesc), Mestre e Doutor em Produção Vegetal (Udesc).
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SOARES, B. L. Adubo para milho: quais as recomendações e dicas sobre os principais nutrientes para maximizar a produtividade e rentabilidade da sua produção para grãos ou silagem. Disponível em: https://sementesbiomatrix.com.br/blog/fertilidade/adubo-para-milho/. 2020.