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Silagem de Milho: Como saber o ponto certo para colher?

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Silagem de Milho: Entenda as diferentes consequências de colher o milho antes, depois ou no ponto ideal.

O momento em que é feita a colheita do milho para silagem tem influência sobre a qualidade do alimento obtido após o período de conservação. Com o avançar do estágio de desenvolvimento da lavoura, ocorre redução no teor de umidade e de carboidratos solúveis, e ocorre um aumento na concentração de amido.

Consequências de colher milho para silagem Antes do Ponto

Caso a lavoura seja colhida antes do momento ideal, a planta não atinge o teor de matéria seca desejado, e a alta umidade, facilita a ocorrência de perdas fermentativas e produção de efluentes. A matéria seca do material ensilado determina o grupo de microrganismos que poderá se desenvolver durante o processo fermentativo, e nesse caso, a alta umidade, favorece a ocorrência de bactérias indesejáveis que promovem as perdas durante o período de estocagem. Outro ponto a ser considerado é que o grão não acumulou quantidade suficiente de amido. O amido é o principal carboidrato, sendo esse o que determina a concentração energética obtida.

Consequências de colher milho para silagem Depois do Ponto

Se a lavoura for colhida de forma tardia, a baixa umidade proporciona maior dificuldade no processamento da massa ensilada, exigindo maior potência do equipamento no momento da colheita e maior resistência da massa à compactação, podendo reduzir a densidade, e consequentemente ocasionando perdas. Além disso, a qualidade da fermentação pode não ser de excelência, já que a quantidade de carboidratos solúveis disponíveis tende a reduzir. Os carboidratos solúveis são os principais substratos utilizados para a fermentação anaeróbia, a qual é a responsável pela conservação do alimento.

Ponto Ideal para a Colheita

O momento para iniciar a avaliação da linha de leite, deve ser quando a planta começa a alterar as suas características, ou seja, começa a secar as folhas mais velhas ou do baixeiro (processo de senescência) e as palhas da espiga. Contudo, a maior parte da planta ainda continua verde, este fenômeno é chamado de stay green (Figura 1).

Figura 1. Imagem demonstrativa da planta expressando o stay green.

A concentração de matéria seca (MS) ideal corresponde ao intervalo de 32 a 38 % de MS, pois possibilita concentração adequada de carboidratos solúveis, baixa capacidade tampão e alto valor nutritivo. De forma geral, quando se utiliza colhedora sem processador de grãos (cracker), deve-se priorizar como ponto de corte menores concentrações de MS (de 32 a 35%), já quando utilizar colhedora automotriz (com cracker), pode-se optar por colher com maiores teores de MS (de 35 a 38%).

De forma prática, a matéria seca pode ser estimada através da linha do leite, que é a demarcação entre a matriz sólida (composta principalmente por amido) e a matriz líquida (composta por carboidratos solúveis) do grão, a qual muda de posição no sentido da coroa para a base (inserção do grão no sabugo). Para visualizar a linha do leite é necessário partir a espiga. Ela é visível somente de um lado (do meio para a ponta), enquanto do outro lado o grão é coberto pelo embrião em desenvolvimento. Quando a linha do leite se encontra entre 1/3 e 2/3, a planta já acumulou matéria seca e amido suficiente para ser ensilada (Figura 2).

Figura 2. Imagem demonstrativa da linha do leite.

No caso de híbridos de milho com grãos dentados, há a vantagem de poder colher de forma tardia, sem reduzir a digestibilidade do amido como ocorre em híbridos de grãos com endosperma vítreo, aumentando assim a janela de corte sem que ocorra decréscimo no aproveitamento do amido.

Conclusão

O ideal é priorizar a realização da colheita no ponto ótimo, mas outros fatores como a escolha do híbrido, tipo de equipamento, logística de colheita, compactação, vedação e taxa de desabastecimento também podem influenciar na qualidade do alimento obtido e por isso também devem ser levados em conta.

Referências Bibliográficas

*Colaboração de Robson Ferreira, Zootecnista (UFRRJ), Mestre em Produção Animal (UFRRJ), Doutor em Nutrição de Ruminantes (UFLA), Coordenador de Serviços Técnicos da Biomatrix.

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