Manejo de plantas daninhas em sorgo: competição das invasoras com a cultura, produtos recomendados, uso do Dual Gold, doses e outros.
A cultura do sorgo vem apresentando nos últimos anos importante e expressiva expansão. Segundo a Conab, para a safra 2020/21 a previsão de produção é de 2,7 milhões de toneladas, 9,3% maior que a safra anterior, em uma área de 875,4 mil hectares.
Nessa safra o sorgo tem sido uma boa opção, já que possui maior resistência às condições de seca e é um bom substituto do milho, inclusive para alimentação animal. Como o valor do milho está em alta, isso faz com que os preços de sorgo também se elevem.
No entanto, o manejo de plantas daninhas sempre foi um dos entraves no sistema de produção de sorgo, não sendo possível encontrar muitas ferramentas de controle efetivo.
Veja neste artigo como fazer o manejo de plantas daninhas em sorgo, novas ferramentas de controle como o Dual Gold e mais!
Plantas daninhas em sorgo: conceitos gerais
Já é de conhecimento geral que a competição da cultura com plantas daninhas resulta em diminuição da produtividade, além de favorecer algumas doenças e pragas.
Devido ao lento desenvolvimento nos primeiros estádios da planta de sorgo e diante das excelentes características competitivas das plantas daninhas, principalmente das gramíneas, esta cultura apresenta alta suscetibilidade às plantas invasoras nos primeiros estádios.
O período crítico de controle a interferência de plantas daninhas no sorgo pode variar dependendo do híbrido, das condições da área, manejo e outros.
Em geral, esse período ocorre entre 20 e 42 dias após emergência, correspondendo aos estádios de 3 a 7 folhas verdadeiras da planta.
É importante ter em mente algumas medidas cullturais de controle que suprimem as infestações de invasoras como parte do manejo.
Entre elas, damos destaque à densidade de plantio, época de plantio e o uso de cobertura morta.
Como já comentado, verificamos dificuldade em manejar plantas daninhas na cultura do sorgo pela falta de herbicidas registrados, estando disponíveis somente os herbicidas atrazina e 2,4-D.
No entanto, agora temos uma nova opção de ferramenta de controle de invasoras no sorgo, o Dual Gold. Veja detalhes do seu uso a seguir.
Manejo de plantas daninhas em sorgo: uso do Dual Gold
Com a recente recomendação do S-metolachlor, ingrediente ativo do produto comercial Dual Gold, o manejo de plantas daninhas, não somente na cultura do sorgo, como também dentro do sistema de produção, ganha elevados patamares técnicos e garantia de maiores produtividades e rentabilidade para o produtor.
Seu uso só é possível em sementes previamente tratadas com o ingrediente ativo fluxofenin, cujo nome comercial é Benefic, da Syngenta.
Este produto proporciona um efeito protetor da planta de sorgo ao efeito do Dual Gold. O fluxofenin induz a produção de uma enzima responsável pela desintoxificação do produto dentro da planta de sorgo tornando esta planta tolerante ao herbicida.
A Sementes Biomatrix tem disponível esse tratamento de sementes para seus híbridos de sorgo (veja nossos híbridos aqui). Além disso, nosso tratamento ainda possui o Cruiser (que auxilia no controle de pragas) e o Maxim Advanced (que auxilia no controle de doenças e estabelecimento da cultura), todos da Syngenta.
O S-metolachlor pertence ao grupo químico das cloroacetamidas e deve ser utilizado em pré-emergência para controle de várias plantas daninhas, como Amaranthus hybridus (caruru) e Digitaria horizontalis (capim-colchão).
Dependendo da espécie da planta, o S-metolachlor é absorvido pelo coleóptilo ou hipocótilo das plântulas durante a fase de emergência no exato momento em que atravessam a camada de solo onde o produto está presente. Não há absorção pelas raízes e nem pelas folhas das plantas.
Para uma melhor eficiência no controle de algumas dicotiledôneas recomenda-se a mistura com atrazina.
Quando utilizar Dual Gold em sorgo
A recomendação da aplicação de Dual Gold em lavouras de sorgo tratado com Benefic é aplicação única em pré-emergência da cultura (plante aplique) e das plantas daninhas, logo após a semeadura. Caso não seja possível, recomenda-se aplicar em no máximo 2 dias após a semeadura.
Doses do Dual Gold em sorgo
Deve-se seguir as orientações e ler atentamente a bula do Dual Gold, sendo indicado as maiores doses para solos com maiores teores de argila/matéria orgânica e/ou em áreas onde se espera uma alta população de plantas daninha.
Condições ambientais para aplicação de Dual Gold
Em todas as situações, deve-se atentar à ótima condição de umidade do solo no momento da aplicação para que o herbicida possa ser incorporado na camada superficial do solo (3 – 4 cm), favorecendo sua ação e garantindo a eficiência do produto.
Chuvas entre 2 e 10 mm logo após a aplicação de Dual Gold são vantajosas, uma vez que excesso de chuva pode causar a lixiviação e perda do produto.
Em situação de baixa umidade no solo e sem previsão de chuvas não se recomenda a aplicação do herbicida, pois este não apresentará a mesma eficiência de controle quando comparamos com a aplicação em condições ideais.
Sintomas de fitotoxicidade do Dual Gold
A fitotoxicidade é visualizada logo após a emergência das plântulas, observando a não abertura do coleóptilo e pelo enrugamento das folhas definitivas, causados pelo menor crescimento da nervura central em relação ao crescimento do limbo foliar.
Estes sintomas de fitotoxicidade também é observado em plantas de sorgo que não tiveram suas sementes tratadas com Benefic, como pode observar nas figuras abaixo.
Fonte: Andre Junio Andrade Peres e Jurandir Segundo
Fonte: Andre Junio Andrade Peres e Jurandir Segundo
Fonte: Andre Junio Andrade Peres e Jurandir Segundo
Fonte: Andre Junio Andrade Peres e Jurandir Segundo
Manejo de plantas daninhas em sorgo: uso da atrazina
Como opção de herbicida no sorgo, o produtor pode utilizar a atrazina que é recomendado tanto em pré-emergência como também em pós-emergência das plantas daninhas, apresentando alta tolerância da cultura do sorgo, independente da formulação.
Este herbicida pertence ao grupo químico das triazinas e quando aplicado em pré-emergência é absorvido pelas raízes e translocado na planta via apoplasto.
As plantas sensíveis emergem sem sintomas de fitotoxicidade aparecendo sintomas somente quando as plantas iniciam o processo de fotossíntese, tornando-se cloróticas seguido por necrose e terminando com a morte da planta daninha.
Quando aplicado em pós-emergência os sintomas de fitotoxicidade são observados em questão de horas após a aplicação, recomendando a adição de óleo vegetal ou mineral para potencializar seu efeito (0,3 a 0,5% do volume da calda).
Ressaltamos a necessidade de seguir as recomendações da bula do fabricante.
Vantagens da cultura do sorgo
O alto potencial de produção de grãos oferece elevado retorno econômico ao produtor, o alto teor de matéria seca que a cultura deixa na área e sua alta relação C/N, o tornam importante dentro do sistema de plantio direto principalmente na região central do país.
Além da extraordinária capacidade de suportar o déficit hídrico, isso devido às características das raízes que são mais abundantes, finas e fibrosas quando comparamos com o milho, reduzindo drasticamente o risco ambiental.
Dentro do sistema de produção, o sorgo ainda proporciona altíssima proteção do solo contra a erosão, maior quantidade de matéria orgânica depositado na área e grande capacidade de retenção de água no solo, aumentando a eficiência do sistema plantio direto.
Produtores de sorgo tem a vantagem de o produto apresentar alta liquidez, sendo utilizado até mesmo na indústria como alternativa na formulação de rações de qualidade com menor custo.
Conclusão
Com a utilização do Dual Gold temos a maior eficiência e facilidade no manejo de plantas daninhas na cultura do sorgo, o que eleva sobremaneira a condição técnica de cultivo da cultura.
Isso pode garantir em maior produtividade e maiores rentabilidades para o produtor.
Além do mais, o aumento da produção de sorgo é vantajoso para toda a cadeia, uma vez que o sorgo pode substituir parcialmente o milho nas rações animais para aves e suínos, enquanto para ruminantes pode substituir totalmente, com a vantagem de apresentar menor custo de produção.
Bibliografia
*Colaboração de :
André Júnio Andrade Peres. Possui formação em Técnico Agropecuário no IFGoiano, Rio Verde, GO. Graduação em Agronomia na UEMS, Cassilândia, MS. Mestrado em Tecnologia de Aplicação na UNESP, Botucatu, SP e Doutorado em Fitossanidade na UFG, Goiânia, GO.
ARCHANGELO, E.R.; SILVA, J.B.; SILVA, A.A..;FERREIRA, L.R.; KARAM, D.. Tolerância do sorgo forrageiro ao herbicida Primestra SC. Revista Brasileira de Milho e Sorgo, v. 1, n. 2, p. 59-66, 2002