Glufosinato de amônio: como funciona esse herbicida, quais plantas daninhas controle e quais as recomendações de uso.
Somente na safrinha de milho, também chamada de segunda safra, a produção poderá chegar a 76,763 milhões de toneladas neste ano com uma janela curtíssima de plantio.
Para chegar nesses níveis altíssimos de produtividade em janelas cada vez menores é exigido da cadeia produtiva excelência no manejo.
Uma das tecnologias empregadas no manejo do milho é o uso de herbicidas que controlem com eficiência as principais plantas daninhas das lavouras.
O glufosinato de amônio é uma alternativa a moléculas como o glifosato e atrazina, que já possuem amplo uso e relato de plantas daninhas resistentes.
Está se perguntando o que é o glufosinato de amônio ou como ele pode ser usado? Confira tudo isso a seguir!
O que é o glufosinato de amônio?
O glufosinato de amônio é um herbicida de contato, pós-emergente e não sistêmico, pertencente ao grupo químico derivado de aminoácidos, para uso em área total da cultura.
O mecanismo de ação do glufosinato de amônio ocorre através da inibição da enzima Glutamina Sintetase (GS) na rota de assimilação do Nitrogênio. Com a inibição da GS há um acúmulo de amônia e as células acabam morrendo.
Além disso, uma descoberta recente mostrou que o glufosinato de amônio também causa acúmulo de espécies reativas de oxigênio (ROS, do inglês), que é um mecanismo de ação similar ao paraquat (Takano et al., 2019). Sendo assim, se torna uma alternativa a este produto que recentemente foi banido do mercado.
Quais plantas daninhas o glufosinato de amônio controla?
O mais importante aqui é ter em mente que esse herbicida não resulta em bom controle de plantas daninhas com estágio de desenvolvimento avançado. Ele tem que ser aplicado em plantas daninhas pequenas, sendo que isso se deve, em grande parte, devido à sua dificuldade de translocação na planta.
Portanto, segundo a bula do glufosinato de amônio, devemos aplicá-lo em plantas de folha estreita no estádio de até 1 perfilho, já nas plantas de folhas largas, até 2 a 4 folhas.
As principais espécies controladas são capim-colchão, capim-marmelada, picão-preto, amendoim-bravo, trapoeraba, carrapicho-de-carneiro, caruru, guanzma, corda-de-viola, carrapicho-rasteiro, beldroega e malva-branca.
Condições para uma boa eficiência do glufosinato de amônio
Para um ótimo resultado, o glufosinato de amônio necessita de algumas condições para pleno funcionamento como 5 a 6 horas sem chuva e luz.
Além disso, deve-se ressaltar que este produto é estritamente pós-emergente, não apresentando nenhum efeito pré-emergente nem residual no solo.
Em quais híbridos de milho posso utilizar o glufosinato?
A base da seletividade do glufosinato de amônio em híbridos de milho é a presença dos genes “bar” e “pat”, que convertem o glufosinato de amônio em forma não tóxica. Dessa forma, pode-se realizar o uso seletivo deste herbicida sobre as plantas que o expressam.
A aplicação de glufosinato de amônio está condicionada somente aos híbridos de milho tolerantes a esse princípio ativo, que você pode conferir na tabela abaixo:
Recomendações de uso do glufosinato de amônio
O estágio de aplicação é muito importante para este herbicida. NÃO É RECOMENDADO aplicação após V4, uma vez que estudos mostram elevada fitotoxidez a partir deste estádio além de um aumento significativo de plantas dominadas e abortadas.
Outros fatores importantes são:
- Condições ambientais: realizar aplicação em temperaturas amenas (entre 20 e 25ºC) e umidade relativa superior a 50%;
- Dosagem: aplicar a dosagem recomendada pelo fabricante em bula e NÃO exceder 500 mL i.a./ha;
- Tecnologia de aplicação: como é um produto que age por contato, é importantíssimo acertar o alvo;
- Cuidado com lavouras vizinhas não tolerantes.
Sintomas no milho pela aplicação de glufosinato de amônio
A equipe de Pesquisa e Produção de Sementes da Sementes Biomatrix realizou teste com diversos híbridos e mostra sintomas característicos de plantas não tolerantes ao lado de plantas tolerantes ao herbicida:
Além disso, plantas não tolerantes podem apresentar folhas anormais ou arroxeadas, clorose e necrose dos tecidos tratados e redução do porte.
Plantas tolerantes também podem apresentar alguns sintomas como pequenas estrias amarelas nas folhas, leve redução no porte das plantas, ligeiro amarelecimento ou branqueamento das folhas, plantas dominadas e má-formação de espigas, por isso é importante não exceder as dosagens recomendadas.
Glufosinato de amônio no Manejo Integrado de Plantas Daninhas
O Manejo Integrado de Plantas Daninhas (MIPD) é a integração de métodos de controle e se tornou a principal ferramenta para incrementar a eficiência dos herbicidas e reduzir o impacto ambiental por tornar os sistemas de cultivo desfavoráveis às plantas daninhas.
Na safrinha, o manejo químico de plantas daninhas é realizado basicamente com glifosato e atrazina. Para o plantio consorciado com braquiária, é comum ainda o uso de graminicidas, que tem o nicosulfuron como principal representante.
O glufosinato de amônio, neste sentido, é uma alternativa para compor o MIPD por ser uma molécula eficaz no controle de plantas daninhas de folhas largas e estreita, auxiliando no manejo de invasoras resistentes ao glifosato e outros compostos.
Conclusão
O glufosinato de amônio é uma excelente ferramenta para manejo de plantas daninhas e a Sementes Biomatrix possui híbridos tolerantes à essa molécula como o BM970VIP3, BM990VIP3, BM3073VIP3 e BM3077VIP3.
É extremamente importante ter cuidado com o posicionamento do glufosinato de amônio em aplicações na cultura do milho, ficando o seu uso restrito apenas aos estádios iniciais, não devendo ser aplicado após V4 e respeitando as dosagens recomendadas.
Bibliografia
*Colaboração de Hígor de Souza Rodrigues, Consultor de Desenvolvimento de Mercado, Helix Sementes, M.Sc., Entomologia – Universidade Federal de Viçosa, B.Sc., Agronomia – Universidade Federal do Espírito Santo.
Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). 2º Levantamento da Safra de Grãos 2020/2021.
Takano, H. K. et al. Reactive oxygen species trigger the fast action of glufosinate. Planta 249, 1837–1849 (2019). https://doi.org/10.1007/s00425-019-03124-3
Ainda tem alguma dúvida sobre o melhor posicionamento para aplicação de glufosinato de amônio? Deixe sua pergunta nos comentários que os especialistas da Sementes Biomatrix responderão em breve!
Não entendi o posicionamento de não aplicar após o V4 do Milho, por que não pode? Teoricamente a planta estaria maior e mais resiste a qualquer efeito que o herbicida poderia causar mesmo sendo uma variedade tolerante.
Olá Isabela! O Glufosinato de amônio deve ser aplicado até V4 ou no máximo até V5, pois a aplicação posterior à estes estádios pode ocorrer o acúmulo de produto no cartucho da planta de milho, resultando em fitoxidade, reduzindo a produtividade, ou até mesmo morte da planta.Abraços!
Boa tarde .. o 3066BTMAX posso utilizar o glufosinato?
Na construção do BTMAX foi utilizado como marcador de seleção o gene PAT-BAR (fosfinotricina acetil transferase), que confere tolerância ao herbicida glufosinato de amônio, com isso ele não poderia ser aplicado por exemplo no seu controle com milho tiguera. Para maiores esclarecimentos, fale com nossos representantes.