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Avaliação do processamento de grãos: análise KPS para produção de silagem de qualidade

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KPS e processamento de grãos: aprenda com algumas metodologias como ajustar a picagem da planta para adequada produção de silagem, gerando um alimento de alta qualidade. 

O processamento da silagem faz toda a diferença na qualidade final do alimento e no desempenho animal.  

Boas práticas no momento da colheita, como o monitoramento constante do corte da forragem de milho, permitem com que o produtor possa realizar ajustes nos equipamentos para obter uma silagem de alta qualidade. 

Esses ajustes são fundamentais para garantir um adequado processamento dos grãos, o que afeta de forma positiva a digestibilidade do amido, pois grãos corretamente quebrados significam absorção maximizada de amido.  

Neste artigo vamos conhecer um pouco mais sobre os principais aspectos que envolvem a avaliação do processamento de grãos e quais métodos de análise são mais difundidos. 

Aqui veremos métodos a serem utilizados no momento da colheita, com a possibilidade de auxiliar na regulagem do implemento de corte, ou no próprio silo para verificar a qualidade com que foi realizado a picagem dessa silagem. Confira isso e mais a seguir! 

Processamento dos grãos e sua relação com o desempenho animal 

Podemos considerar que o termo processamento de grãos está relacionado ao processo da quebra dos grãos no momento da colheita, formando pequenas partículas que, menores que ¼ do grão, permitem que as porções de amido fiquem prontamente disponíveis para ação das bactérias ruminais, favorecendo de forma mais eficiente a absorção deste nutriente pelo animal. 

Outra relação que pode ser observada é que o mal processamento dos grãos resulta em maior participação de amido nas fezes dos animais.  

Alguns trabalhos demonstram que a redução do amido nas fezes resulta em maior eficiência de utilização da energia da dieta pelo animal e, consequentemente, maiores produções de carne e leite (JOHNSON, 2017; FERRARETTO et al., 2018).  

Como exemplo, se o teor de amido nas fezes for reduzido de 5% para 1,5%, teremos um ganho energético para a produção de quase 1,2 litros de leite a mais por vaca/dia, considerando a mesma silagem de milho (FERRARETTO et al., 2018). 

Dessa forma, devemos acompanhar e avaliar o processamento dos grãos, principalmente durante o período de colheita para ensilagem, mesmo que com base em testes simples, para se ter a real eficiência desse processo e obter os benefícios esperados desse correto manejo em relação a qualidade da alimentação dos animais. 

O que é KPS da silagem? 

O KPS (do inglês, Kernel Processing Score), é um método de avaliação do processamento dos grãos presentes na massa de forragem de milho. 

Isso permite a quantificação do amido através da fragmentação dos grãos na massa da planta inteira a ser ensilada, fornecendo indícios sobre a qualidade do corte no momento da colheita para produção de silagem.  

Vários métodos podem ser empregados para essa avaliação conforme discutiremos adiante, sendo os principais com base na separação da fração dos grãos que passa através da peneira de malha de 4,75 mm.  

Logo, a passagem dos grãos por essa peneira possibilita uma estimativa da porcentagem de grãos que foram quebrados em pelo menos 4 partes, configurando o que seria o processamento ideal dos grãos para melhor absorção do amido pelo animal. 

Técnicas para avaliar o processamento dos grãos da silagem 

Para aumentar a precisão das avaliações do processamento dos grãos da forragem de milho a ser ensilada, métodos são necessários para descrever quantitativamente a extensão da fragmentação destes grãos. Veremos a seguir alguns deles: 

1- Método do conjunto de peneiras Ro-Tap 

Originalmente, a técnica mais eficiente de avaliação do KPS foi proposta como ferramenta analítica de laboratório que utiliza uma escala de cinco peneiras mais um fundo (19,00; 13,20; 9,50; 6,70 e 4,75 mm). 

A amostra deve permanecer durante 15 minutos em um agitador do tipo Ro-Tap (Figura 1), para avaliar a proporção de grãos que passa através do conjunto de peneiras, sendo a última de 4,75 mm (FERREIRA & MERTENS, 2005). 

Figura 1: Imagem do sistema de peneiramento Ro-Tap utilizado na análise de laboratório para avaliar o processamento de grãos presentes na forragem de milho. Foto: Brian Luck/University of Wisconsin-Madison.  

Para auxiliar a classificação do processamento dos grãos, o valor (ou score) da proporção de amido dos grãos obtidos em porcentagem, pode ser classificado em: 

2- Método da separação dos grãos por flutuação com água 

Para facilitar essa avaliação, foi desenvolvido um método mais simples e prático, que requer pouco equipamento e que pode ser feito à campo no momento da colheita ou no silo (Figura 2).  

Este método consiste na separação das frações da massa volumosa e dos grãos por meio da flutuação e densidade das partículas, quando presentes em água (SAVOIE et al., 2004).  

Figura 2. Passo a passo para avaliação do processamento de grãos da forragem pela metodologia do KPS (SAVOIE et al., 2004). Adaptado de SHINNERS & HOLMES, 2014.  

1º Passo: Ao retirar uma amostra da massa fresca de forragem de milho picada no momento da colheita ou diretamente do silo, esta deve ser colocada em um recipiente contendo água.   

2º Passo: Em um recipiente adequado, a amostra deve ser colocada imersa na água, de forma que a água cubra a amostra suficientemente. 

3º Passo: deve-se agitar suavemente o material para ajudar a separar os grãos da massa de forragem de milho. É necessário menos de um minuto de agitação. 

4º Passo: deve-se retirar a massa de forragem de milho da água. Isso pode ser feito manualmente ou usando uma peneira, por exemplo. 

5º Passo: neste momento a água estará muito turva e os grãos estarão no fundo do recipiente. Para separar os grãos, drene cuidadosamente a água do recipiente e caso tenha grãos flutuantes, estes devem ser capturados. 

6º Passo: com os grãos separados, estes podem ser despejados em um pano ou papel toalha mais resistente para serem secados. Os grãos podem então ser espalhados para avaliação do grau de processamento. 

7º Passo: a última etapa é da avaliação do KPS. Derrame os grãos na peneira de 4,75 mm para separação dos grãos. Com auxílio de uma balança, é realizado a pesagem dos grãos que passaram pela peneira e dos que não passaram, para obter a porcentagem e verificar o score pela Tabela 1. 

3- Método do copo de monitoramento de processamento de grãos 

Esta técnica não possui uma avaliação tão precisa, porém é um dos métodos mais práticos e de fácil acesso, que consiste em coletar o volume de 1 litro de uma amostra de massa fresca de forragem de milho que foi processada pela máquina de corte durante a colheita (Figura 3).  

Deve-se espalhar esta amostra em uma superfície plana e, manualmente, separar todos os grãos maiores que uma metade de grão.  

O padrão ideal de processamento é não mais que dois (ou três) grãos inteiros ou metades. A partir disso, já é aconselhável ajustar a máquina de corte no momento da colheita. 

Figura 3. Copo coletor e amostras de forragem de milho separadas em massa verde e grãos processados após o corte. Adaptado de Shinners and Holmes, 2014. Foto: Shredlage LLC, 2014. 

4- Método do processamento da imagem para separação dos grãos em software 

Esta técnica consiste em determinar o grau de processamento dos grãos através de uma foto em que os grãos devem ser separados das outras frações da planta e colocados em um papel com fundo preto ao lado de uma moeda ou metal com tamanho conhecido, para servir como escala (Figura 4).  

O software, desenvolvido pela SilageSNAP, filtra a foto, detecta a borda de cada grão e determina o tamanho real, que transforma os dados em um histograma para verificar a distribuição do tamanho dos grãos.  

As determinações de processamento são baseadas no KPS, porém são realizadas pelo tamanho dos grãos e não pelo conteúdo do amido (Figura 4). 

Figura 4. Avaliação da imagem via software para processamento dos grãos da forragem de milho com base na metodologia do KPS (SAVOIE et al., 2004). Adaptado de SHINNERS & LUCK, 2014.  

O que devo fazer se o processamento dos grãos não estiver adequado?

Os processadores mecânicos são conhecidos como “cracker”, em que seus rolos são capazes de quebrar os grãos e cortar o material, permitindo o ajuste do tamanho de partículas da parte vegetativa, mantendo o processamento dos grãos.  

Nas automotrizes, geralmente consiste em dois rolos na ensiladeira, ajustados de 1 a 3 mm até 4 mm entre os quais o material picado deve passar.  

Dessa forma, os ajustes nas configurações das máquinas podem melhorar a qualidade física da silagem e são fundamentais para definição do processamento dos grãos.  

Em algumas situações, produtores ou prestadores de serviço aumentam a distância entre os rolos processadores (“abrem o cracker”) para que eles possam economizar combustível e aumentar a taxa de colheita, permitindo a passagem de maior quantidade de forragem de milho, reduzindo assim a capacidade de processamento dos grãos. 

Conclusão  

É fundamental o desenvolvimento de alternativas eficientes como a técnica do KPS para auxiliar na estimativa do processamento dos grãos das silagens e assim poder manipular o conteúdo físico dos grãos com ajustes na máquina de corte no momento da colheita.  

Desta forma, é de extrema importância acompanhar a qualidade do processamento dos grãos da silagem de milho no momento da colheita, pois quanto mais eficiente for o processamento dos grãos da silagem, maior será a digestibilidade aparente deste amido, potencializando a produção de leite ou carne. 

*Colaboração de Carlos Henrique Pereira. Engenheiro agrônomo (UFLA), mestre e doutor em Genética e Melhoramento de Plantas (UFLA), atualmente Coordenador de Serviços Técnicos da Biomatrix. 

Referências bibliográficas 

FERRARETTO, L. F.; SHAVER, R. D.; LUCK, B. D. Silage review: Recent advances and future technologies for whole-plant and fractionated corn silage harvesting. Journal of dairy science, v. 101, n. 5, p. 3937-3951, 2018. 

FERREIRA, G.; MERTENS, D.R. Chemical and Physical Characteristics of Corn 

Silages and Their Effects on In Vitro Disappearance. Journal of Dairy Science, v.88, 

n.12, p. 4414-4425, 2005. 

JOHNSON, J.R. Techniques to increase silage stability and starch availability and the effects of heat stress abatement systems on reducing heat load in dairy cattle. 2017. 193f. Dissertation (Doctor of Philosophy) – Kansas State University,Manhattan, Kansas. 

SAVOIE, P.; SHINNERS, K.J.; BINVERSIE, B.N. Hydrodynamic Separation of Grain 

and Stover Components in Corn Silage. Applied Biochemistry and Biotechnology

v.113, n.4, p. 0041-0054, 2004. 

SHINNERS, K. J.; HOLMES, B. J. Making sure your kernel processor is doing its job. Focus Forage, v. 15, p. 1-3, 2014. 

SHINNERS, K. J.; LUCK, B. D. Kernel processing: principles, trends 

and quantifying effectiveness. University of Wisconsin Seminar, October 2nd2014. 

Você já sabia de todas essas informações sobre KPS e processamento de grãos? Tem alguma dúvida? Deixe seu comentário abaixo! 

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