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Geada no milho: consequências e medidas para reduzir danos na cultura

Geada no milho: entenda como esse fenômeno afeta a cultura do milho, os sintomas no campo e qual o manejo para reduzir danos 

A cultura do milho é afetada diretamente por fenômenos climáticos, tais como granizo, ventos fortes e geadas. A geada pode causar danos à lavoura e reduzir o potencial produtivo. Isso está relacionado à intensidade do evento e o estágio em que a cultura se encontra. 

A geada é um fenômeno frequente na região sul do Brasil e também motivo de preocupação nas regiões de safrinha de milho, principalmente nos estados do Paraná, São Paulo e Minas Gerais, podendo chegar até o Mato Grosso do Sul, Goiás e Rio de Janeiro. 

Nas lavouras de milho, geralmente ela se torna um problema quando ocorre no período tardio da primavera, quando as lavouras estão em fases iniciais ou já estabelecidas.  

Os prejuízos também são maiores quando ela ocorre em um momento precoce do outono e estão diretamente ligados à fase em que a cultura se encontra, já que a janela de plantio da safrinha pode atrasar, a depender das condições climáticas do ano. 

Confira neste artigo mais sobre as consequências da geada no milho e medidas para evitar maiores prejuízos. 

Geada no plantio do milho de verão  

As baixas temperaturas do solo durante o período de implantação da cultura, principalmente em regiões de altitudes maiores que 400 metros, podem afetar a germinação, reduzindo o número de plantas por área.  

Ainda no início da cultura, a ocorrência de geada até o estádio V4 (planta com quatro folhas verdadeiras), onde o ponto de crescimento se encontra abaixo do solo, pode trazer menores prejuízos, causando danos somente na parte aérea, sem haver necessidade de replantio.  

O diagnóstico para saber o comprometimento da lavoura deve ser feito entre 3 a 5 dias após a ocorrência da geada, momento em que pode ser observado a extensão do dano na planta.  

A geada no início do desenvolvimento tem relativamente pouco impacto no rendimento dos grãos de milho. Nessa situação, a expectativa é que a produtividade de grãos diminua em até 8%.  

Geada no milho safrinha  

O milho safrinha desenvolve-se sob várias condições adversas. Uma delas é a janela de plantio que, por ser relativamente curta, pode ser prejudicada por fatores climáticos.  

O risco dessas lavouras ficarem sujeitas à geada em estágios finais é maior e isso pode reduzir o seu potencial produtivo. As perdas são maiores quanto mais próximo do início da fase reprodutiva a geada ocorrer. 

Tabela 1. Percentual estimado de perda de rendimento devido à desfolha em vários estágios de crescimento do milho. 

Fonte: Vorst (1990)

O que a geada causa no milho? 

O dano da geada em uma planta de milho é caracterizado pelo murchamento das folhas e posteriormente a morte do tecido, em função do congelamento das células.  

Os cristais de gelo provocam o rompimento da parede celular e consequentemente a morte das células e dos tecidos. Nas plantas, o gelo forma-se primeiro nas folhas mais jovens, por apresentarem alto teor de água, pouco sais e conterem menor reserva de calor.  

Fonte: Ruan Moraes, 2022 

Quais são os sintomas de danos de geada em plantas de milho? 

Devido ao congelamento e morte das células, há perda do potencial de turgescência, redução do volume celular e desidratação. Como sintomas desses processos, a folha fica com coloração verde escura e flácida, passando a ficar seca com o tempo. 

Fonte: Sentelhas e Angelocci, 2012

Características do grão de milho danificado pela geada: 

  • Grãos pequenos, deformados e macios;
  • Estrutura de amido não desenvolvida; 
  • Alta suscetibilidade à quebra geradas pelo manuseio; 
  • Digestibilidade inferior em comparação com o milho normal; 
  • Níveis de aminoácidos variáveis. 

Esses efeitos são progressivos, com menor impacto no milho mais próximo da maturidade. 

O que é geada negra? 

 A geada pode ter dois aspectos visuais: branca e negra.  

  • A geada branca ocorre quando a umidade do ar se condensa em contato a planta e se deposita. Com as baixas temperaturas, há a formação de cristais de gelo.  
  • Já a geada negra, ocorre quando há baixa umidade do ar. Não há formação de gelo, por falta de água. Esse tipo de geada é mais severo, pois a baixa umidade do ar permite temperaturas bem menores. A planta apresenta um aspecto necrótico. 

A geada negra causou grandes prejuízos aos cafeicultores do Paraná em julho de 1975.

Manejo: medidas para reduzir danos de geada na lavoura de milho 

  • Histórico de geadas: essa informação, juntamente com as previsões meteorológicas de curto prazo da área a ser cultivada, são de extrema importância na tomada de decisão para data de plantio e a escolha do híbrido. 
  • Escolha do híbrido: a genética pode influenciar diretamente no stand inicial em solos com temperaturas baixas. Já na safrinha, híbridos com maior precocidade são recomendados, visando o escape de geada precoce no outono. 
  • Aplicação foliar: baseia-se no princípio de aumentar a concentração de solutos na planta. O ponto de congelamento deve cair, aumentando a tolerância dessas plantas às baixas temperaturas. Os produtos utilizados têm por base adubos minerais e aminoácidos. A aplicação desses produtos deve ser feita anteriormente à geada. 

Conclusão 

A geada na fase inicial do milho causa grandes prejuízos somente quando congela o ponto de crescimento, o que dificilmente ocorre até V4, pelo fato de estar abaixo do solo.  

Já nas fases reprodutivas, quanto mais avançada a planta de milho se encontra, menor são as perdas. Sabendo disso, é determinante para o sucesso da lavoura a escolha da época para o plantio, local a ser cultivado e ciclo do híbrido.   

Bibliografia 

*Colaboração de Ruan Moares, Engenheiro agrônomo pela Universidade do Oeste de Santa Catarina, Campos Novos – SC (UNOESC) Pós-graduado em Produção Vegetal – com ênfase em Ecofisiologia e Manejo de Culturas de Lavoura no Instituto de ciências agronômicas, Passo Fundo- RS (INCIA). 

BERGAMASCHI, Homero; MATZENAUER, Ronaldo. Eventos adversos. In: BERGAMASCHI, Homero; MATZENAUER, Ronaldo. O milho e o clima. Porto Alegre: Emater/RS-Ascar, 2014. cap. 5, p. 79-85. 

FROST. University of Wisconsin, – Agronomy, Madison: 2014. Disponivel em: <http://corn.agronomy.wisc.edu/Management/L041.aspx>. Acesso em: 27 jul. 2022. 

PEREIRA, Antônio Roverto; ANGELOCCI, Luiz Roberto; SENTELHAS, Paulo César. Geada. In: PEREIRA, Antônio Roverto; ANGELOCCI, Luiz Roberto; SENTELHAS, Paulo César. Meteorologia agrícola. Piracicaba-SP: Universidade de São Paulo, 2007. cap. 19, p. 153-164. 

SENTELHAS, P. C.; ANGELOCCI, L.R. Geada: ocorrência, prevenção e controle. Disponível em: https://www.yumpu.com/pt/document/view/48434001/aula12-geada-modificada-leb-esalq-usp Acesso em: jul. 2022. 

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